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Por dentro do Esquilino, o bairro multiétnico de Roma

No momento de reservar um hotel em Roma, muitos turistas encontram propostas de hospedagem a preços abordáveis no bairro Esquilino, mas ficam cheios de dúvidas sobre a reputação dessa área da cidade eterna.

Localizado a poucos metros da estação ferroviária de Termini e do pitoresco bairro de Monti, o centro do Esquilino é a Piazza Vittorio Emanuele II.

A praça foi construída entre 1882 e 1887  e o local é circundado por edifícios históricos e pórticos compostos por 280 colunas.

Graças a essa característica, caminhando por lá a gente lembra a cidade de Bolonha.

O bairro é uma das áreas da capital com a maior concentração de imigrantes e que os italianos aprovem ou torçam o nariz, as estatísticas comprovam que a miscigenação será irreversível.

Entre os países membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), a Itália é aquele que recebeu, desde 2000, o maior número de imigrantes.

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Só em 2014 foi registrada a chegada de 166.000 pessoas ( a maior parte via mar) e na última década o número de imigrantes em solo italiano triplicou.

Atualmente, os estrangeiros residentes na Itália são cerca de 4,3 milhões e as comunidades mais numerosas são aquelas originárias da Romênia, Albânia, Marrocos e China.

O fenônemo não é novo, mas a diversidade ainda gera polêmicas e preconceitos no país.

Não é raro que as manchetes de alguns jornais publiquem gafes de personagens públicos como os comentários racistas sobre a ex ministra Cécile Kyenge, alusões de mau gosto a jogadores de futebol de origem ou africana ou, simplesmente, reportagens repletas de clichês quando o protagonista de uma notícia policial é estrangeiro.

O preconceito mora ao lado; principalmente agora que o terrorismo assumiu o status de nova ameaça mundial.

Com a cumplicidade do desemprego e dos discursos de alguns líderes políticos, para alguns italianos a imigração é sinônimo de direitos negados, mas na verdade o trabalho dos imigrantes representa cerca de 11% do PIB italiano (dados CNEL).

O percentual de recém-nascidos estrangeiros também é em aumento e segundo os dados divulgados pelo censimento de 2012, cerca de 14,9% dos nascimentos são aqueles de bebês de imigrantes.

A questão é que circulando pelo Esquilino essa miscigenação é evidente.

Cada vez mais, por suas ruas, é fácil cruzar com imigrantes de segunda geração; estrangeiros nascidos e crescidos na capital que podem, por exemplo, ter olhos puxados mas conversam com sotaque romanesco.

No bairro existe um concentrado de culturas e etnias.

Além do famoso mercado coberto com produtos originários do mundo inteiro e de uma das sedes da universidade de Roma La Sapienza, o Esquilino é caracterizado por restaurantes étnicos, sedes de associações de imigrantes, açougues halal e tantos produtos chineses, mas também da Basílica de Santa Maria Maggiore, de ótimas sorveterias como a Fassi, uma cafeteria incrível como a Panella, da Porta Mágica, do Teatro Ambra Jovinelli e de uma loja histórica com cheiro de naftalina e roupas improvavéis chamada MAS, além de outras inúmeras atrações.

Foi no bairro de Esquilino que nasceu a famosa Orchestra di Piazza Vittorio, composta por músicos estrangeiros, e é ali que durante as noites quentes de verão são exibidos, ao aberto, diversos filmes.

Para desvendar a verdadeira alma do bairro, existe uma associação chamada Mygrantour que organiza visitas guiadas pelas ruas do Esquilino e por outros bairros multiétnicos de Roma e de outras cidades italianas como Florença, Milão, Turim, Nápoles e Gênova.

Em cada percurso, cada grupo de turistas será acompanhado por estrangeiros que residem nos bairros há anos, inclusive por uma brasileira que prepara as visitas em português.

Para conhecer Roma vista pelos olhos de quem escolheu a cidade eterna como a sua nova pátria.

Nesse site aqui você pode consultar as datas dos próximos tours, que podem ser reservados nesse e-mail, especificando a data e os nomes dos participantes.

O custo dos passeios é de 10 euros por pessoa.

Resumindo:

O Esquilino combina com você que é um cidadão do mundo, que procura um hotel com preços econômicos, próximo a algumas das principais atrações turísticas de Roma e ao lado de uma linha de metrô.

Não combina com quem privilegia hotéis de charme e que espera encontrar em seus arredores a Roma dos cartões postais.

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