Reggimento Corazzieri, a guarda de honra do presidente italiano
Para mim um corazziere é a personificação perfeita da nação que representa: a Itália. Altivo, seguro de si e dotado de um rigor estético capaz de provocar um misto entre sujeição e admiração. Como não arregalar os olhos diante de seu uniforme de gala, com uma reluzente armadura prateada e um capacete com um rabo de cavalo?
O Reggimento Corazzieri é a guarda de honra do presidente da República Italiana e faz parte da Arma dei Carabinieri, uma das quatro forças armadas do país.
Sua origem é muito antiga. Para você ter uma ideia, a Guarda Suíça pontifícia foi instituída em 1506, mas já no século XIV – quando a Itália ainda não tinha sido unificada – existia um grupo de arqueiros e homens munidos de escudos prontos para defender os membros da dinastia Casa Savoia.
Foi por volta de 1553 que foi formalizada a criação de uma Guarda de Honra do Príncipe; uma divisão que cresceu rapidamente.
Em 1630 a Guarda contava com a presença de mais de 400 homens divididos em quatro companhias e, entre elas, a Compagnia Corazze di Sua Altezza.
O nome corazzieri foi atribuído depois do casamento entre Vittorio Emanuele, Duque de Savoia, e Maria Adelaide di Lorena, em 1842, quando os homens estavam vestidos com couraças. O lema de um corazziere é “Virtus in periculis firmior“, ou seja, a virtude se reforça no perigo.
Com o passar dos séculos, além de proteção aos soberanos os corazzieri também participaram das duas guerras mundiais, até que em 1948 o presidente Luigi Einaudi decidiu restituir aos corazzieri o seu grande prestígio, recuperando a tradição de seus antigos uniformes e exigindo a sua presença no Quirinale, sede da Presidência da República.
A lista de requisitos para torna-se um corazziere é comprida, mas entre as características indispensáveis estão a altura mínima de 190 centímetros (sim, você leu bem!), a exigência de saber cavalgar perfeitamente os cavalos da divisão (a maioria de raça irlandesa), dirigir com perfeição as imponentes motos Guzzi modelo Califórnia, praticar artes marciais, esbanjar resistência física para suportar o peso de dez quilos de seu uniforme de gala e possuir uma excelente reputação.
A principal sede do Reggimento Corazzieri em Roma é o quartel Alessandro Negri di Sanfront, que você pode conhecer agendando previamente uma visita.
O edifício, na verdade, é uma antigo convento de freiras ocupado pelo corpo de infantaria piemontesa que, em 1870, invadiu Roma e anunciou o fim do poder papal e a unificação da Itália. Nem todos os corazzieri dormem no quartel. Aqueles casados tem permissão para voltar para casa depois de um dia de trabalho.
Durante a vista guiada pelo quartel você poderá conhecer seus principais ambientes, ter a chance de conhecer as históricas motos Guzzi criadas especialmente para os corazzieri, admirar as selas e ornamentos cuidadosamente guardados para ocasiões especiais, visitar o seu pretigioso estábulo de cavalos, contemplar fotos históricas, como aquela do presidente Kennedy em Roma, e admirar os seus uniformes de gala.
O quartel também possui uma pista de equitação e uma capela particular com afrescos desenhados por um corazziere-pintor que retratou colegas no papel de personagens bíblicos. Um deles é São Sebastião.
Atualmente, além de vigiar o Quirinale, sede da Presidência da República Italiana, de participar de cerimônias com a presença de chefes de estado e de desfilar durante datas especiais para o país, como 2 de junho, Festa da República, os corazzieri também protegem o atual presidente, Sergio Mattarella, e também são atiradores de elite prontos a agirem em caso de perigo.
Para festejar o aniversário dos 227 anos do Tricolore ou da bandeira italiana como símbolo da unidade e identidade nacional, no último dia 7 de janeiro aconteceu diante do Quirinale a troca da guarda e o desfile do Reggimento Corazzieri a cavalo.
É bom saber: As visitas acontecem somente aos sábados, em dois horários: 9h00 e 10h00. Você pode agendar o passeio ao quartel do Reggimento Corazzieri Alessandro Negri di Sanfront utilizando esse site. O preço é simbólico, de apenas 1,50 euros por pessoa, mas não se esqueça de reservar com pelo menos cinco dias de antecedência, de chegar lá 15 minutos antes do horário previsto e de levar um documento de identidade válido. Durante o mês de agosto as visitas estarão supensas. Para chegar lá basta pegar a linha A do metrô de Roma e descer na parada Repubblica. O endereço é Via XX Settembre, 12.
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