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Crise Alitalia: existem riscos para os seus passageiros?

O feriado de 25 de abril na Itália teve um sabor amargo para os funcionários da Alitalia, a maior companhia aérea do país. Contrariando as expectativas, quase 70% de seus empregados participaram de um plebiscito e recusaram um pré-acordo discutido entre a diretoria da empresa e sindicatos. Para evitar a falência, o pacto previa, entre outras decisões, corte de 8% nos salários, a demissão de 980 funcionários e um aumento de capital estimado em 2 bilhões de euros. O valor seria financiado por sócios e credores da companhia.

Não é a primeira vez que a companhia enfrenta um momento de instabilidade econômica e a clara rejeição do acordo inaugura um novo cenário de incertezas.  A maior preocupação é o futuro de seus funcionários. O ministro do trabalho, Giuliano Poletti, declarou que 20 mil pessoas correm o risco de perder o emprego.

No próximo dia 27 de abril o conselho de administração da empresa realizará uma assembleia de sócios e, provavelmente, formalizará o pedido de intervenção no governo. Ao que tudo indica, serão nomeados três comissários que deverão administrar a crise. Os nomes de Luigi Gubitosi e Enrico Laghi já foram confirmados. O terceiro comissário ainda não foi definido.

Em curto prazo, será necessário elaborar um novo plano industrial que salve Alitalia da falência. Pode ocorrer a cessão completa da companhia a terceiros, mas a hipótese mais plausível é que a Alitalia seja “seccionada”, oferecendo suas diferentes atividades a diversos concorrentes. Empresas como Lufthansa, Air-France-KLM e Ryanair, famosa pelos voos low cost na Europa, Vueling e Easyjet demonstraram-se potencialmente interessadas a reconverter aviões, pilotos, assistentes de voo e a presença da companhia no aeroporto romano de Fiumicino. No aeroporto Leonardo da Vinci, na capital, e naquele de Linate, em Milão, a Alitalia controla respectivamente 38% e 55% dos voos.

Outro patrimônio da companhia é a sua frota de 121 aviões, dos quais 83 são alugados e 38 de sua propriedade. O governo não pretende nacionalizar a Alitalia e se a companhia declarar falência seus funcionários terão dois anos de seguro-desemprego.

Diante dessas incertezas, quais riscos correm os passageiros que já compraram passagens marcadas com a companhia? Se os voos são iminentes, tudo indica que os passageiros voarão normalmente, sem enfrentar problemas. Do ponto de vista burocrático, a ENAC (Ente Nazionale per l´Aviazione Civile), equivalente à ANAC brasileira, renovará a cada mês o certificado de operador aéreo da Alitalia, tutelando os seus clientes.

Enquanto a companhia estiver operando deverá respeitar todos os critérios do código do consumidor vigente na Itália. A questão mais complicada é prever a situação da Alitalia em um futuro próximo.

Para os voos previstos daqui há muitos meses, principalmente para quem comprou passagens em uma classe superior, com custo mais elevado, talvez seja o caso de avaliar a hipótese de pedir um reembolso. Obviamente, essa escolha é subjetiva e não é necessário alarmar-se. A ENAC afirma que continuará a tutelar os passageiros. Se a sua passagem faz parte de um pacote comprado com uma agência turística, em caso de falência é possível pedir que o contrato seja respeitado, solicitando o voo para o mesmo destino mas com outra companhia.

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