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Ser mulher na Itália de hoje

Hoje, 8 de março, é o Dia internacional da mulher; uma boa ocasião para compartilhar com os leitores algumas considerações sobre a condição feminina na Itália.

O ano de 2016, em particular, é ainda mais especial porque no próximo dia 10 de março a Itália comemora 70 anos do direito de voto às mulheres. Além do voto administrativo, naquele mesmo ano de 1946, em 2 de junho, as italianas também votaram no plebiscito popular para escolher entre a monarquia e a república.

Todo dia 8 de março aqui existe o hábito de presentear as mulheres com flores amarelas do tipo mimosa. Essa tradição surgiu em 1946, logo depois do final da segunda guerra mundial. Naquela ocasião, Teresa Mattei, uma partigiana (guerrilheira que lutou pela liberação da Itália do nazi-fascismo), sugeriu que as mimosas eram ideais para homenagear as mulheres. Isso porque eram as flores que os partigiani recolhiam e presenteavam as chamadas staffette, ou seja, mulheres que serviam como informantes durante o período da Resistenza italiana.

Sete décadas se passaram e muitos direitos foram conquistados, mas o percurso para a emancipação feminina na Itália ainda é repleto de percalços.

Segundo os dados divulgados pela OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) no relatório The female economy, se o número de mulheres empregadas fosse idêntico àquela dos homens, o PIB europeu aumentaria cerca de 16% em uma década.

A questão é que a condição da mulher na Itália é bem delicada: aqui taxa de natalidade é uma das mais baixas dos países ocidentais e o índice de ocupação feminina o menor do velho continente: 46,4%. Obviamente, o sistema de welfare não é suficiente para atender as necessidades de uma grande parte da população obrigada a escolher entre trabalho e família.

Dentro de quatro paredes os números sobre a condição feminina na Itália também são alarmantes. O Istituto Nazionale di Statistica (ISTAT) afirma que, segundo os dados de 2014, uma em cada três mulheres já sofreu algum tipo de violência física ou sexual. Essa taxa representa aproximadamente 31,5% das mulheres italianas com idade entre 16 e 70 anos.

A situação é tão preocupante que hoje o presidente da República, Sérgio Mattarella, definiu o problema como uma verdadeira praga social. Estamos em 2016 e esse tema é quase um tabu por aqui.

No último dia 31 de janeiro, por exemplo, a TV estatal RAI decidiu programar não no horário nobre, mas bem mais tarde, uma reportagem realizada pelo programa jornalístico Presa Diretta sobre educação sexual e sentimental entre adolescentes.

Assisti a reportagem e achei muito interessante o fato que em escolas de outros países europeus, como a Alemanha, esse tipo de disciplina é obrigatório nos institutos de ensino de todo o país, inclusive naqueles católicas. Uma maneira de prevenir, desde cedo, a violência e a discriminação.

Aqui a possibilidade de introduzir a educazione gender nas escolas gerou inúmeros protestos.

Na cidade de Veneza, o prefeito proibiu o uso de 49 livros didáticos que incluíam temas como bullying e adoção e até um texto chamado Piccolo blu e piccolo giallo (Pequeno azul e pequeno amarelo), que através de ilustrações contava a história de duas cores amigas e diferentes – o azul e o amarelo – que mesclaram-se formando o verde.

Faço minha as palavras da escritora italiana Michela Murgia: quem tem medo de afirmar a uma menina, na escola, que ela pode ser o que bem quiser?

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