Tor Marancia, Roma: onde periferia combina com beleza

Periferia é uma palavra que costumamos associar a adjetivos negativos como feiura e degrado. Esse clichê vale tanto para metrópoles brasileiras como para aquelas europeias, mas pelo menos em algumas capitais essa percepção começa a mudar.

O mérito dessa tendência pode ser atribuída a grandes projetos de requalificação urbana de áreas como as banlieus parisienses ou bairros periféricos de Roma.

O visionário arquiteto Renzo Piano declarou que as periferias são fábricas do desejo e, no bem e no mal, a fonte de energia da cidade.

Fotos: A. Santucci

Roma não é mais unicamente a cidade dos Papas, do Barroco, do Império.

A paisagem urbana da cidade evolui continuamente e o interesse pelos projetos de street art espalhados pela capital é cada vez maior.

Aqui no Post-Italy.com já havia mostrado Ostiense – bairro caracterizado por um grande fermento cultural – mas outras áreas da cidade como Testaccio, San Basilio e Pigneto também foram revitalizadas graças a projetos de street art.

Dessa vez, o protagonista desse post é o bairro popular de Tor Marancia e a iniciativa chamada Big City Life.

Vinte artistas originários de dez países diferentes decoraram onze prédios de um condomínio do bairro.

Foram empregados cerca de setenta dias de trabalho duro (por mais de doze horas por dia) e 765 litros de tinta e 974 cores em spray, mas o resultado é uma explosão de temas e nuances. No total, foram criados 20 murales de quatorze metros.

Big City Life não é só um grande projeto de street art, mas o desejo de reconversão social. Hoje o bairro não é frequentado unicamente por moradores, mas por dezenas de turistas e curiosos em contemplar a beleza.

Personagens surreais, rostos, temas sacros e profanes e formas abstratas que decoram as fachadas parecem que sempre estiveram ali, em perfeita sintonia.

Quando você entra no condomínio do número 63 do Viale Tor Marancia, a primeira sensação é aquela de invadir um espaço alheio. Ali encontramos moradores que conversavam enquanto seus filhos e netos brincavam com triciclos ou bicicletas e todos imensamente orgulhosos de compartilhar conosco o fascínio dos murales.

Não é o turismo de massa que costumamos encontrar diante dos monumentos do centro histórico, mas uma maneira autêntica de conhecer outro lado não menos fascinante da cidade eterna.

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