Salas de Rafael em Roma
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Salas de Rafael nos Museus Vaticanos. Por que não deixar de visitá-las

Visitar os Museus Vaticanos em Roma é uma experiência que aqueles que viajam para Roma não podem perder. Os museus são nomeados no plural justamente porque reúnem todas as formas de expressão artística. Obras de todas as épocas e civilizações: só as estátuas gregas e romanas de mármore e bronze – núcleo inicial dos museus que nascem como uma coleção privada dos papas – são 4416.

Stanze di Raffaello

Mesmo dedicando um dia inteiro aos Museus Vaticanos é impossível explorar com a devida atenção todos os seus ambientes. O seu acervo chega a ser intimidante. O ideal é aceitar com resignação a probabilidade de voltar para Roma e programar uma nova visita e optar por um dos itinerários indicados nos ingressos dos museus.

A maioria dos turistas prefere percorrer rapidamente as suas diversas salas e reservar tempo para contemplar a Capela Sistina. Claro que ela merece toda sua atenção e se você quiser evitar as multidões não deixe de ler o post Experiência única e inesquecível. Acesso exclusivo à Capela Sistina. O meu conselho, no entanto, é que você não subestime a beleza de outros ambientes como As Salas de Rafael.

As salas correspondem aos aposentos privativos do papa Júlio II construídos sobre aqueles que anteriormente foram ocupados pelo polêmico Alessandro VI Borgia. Apesar de jovem (25 anos na época), Rafael foi o artista escolhido pelo pontífice para iniciar o projeto de decoração das salas (stanze). Originário de Urbino, ele já tinha prestado os seus serviços a famílias de Florença, mas até então nunca tinha trabalhado em Roma.

Salas de Rafael nos Museus Vaticanos

Ele começou o projeto realizando os afrescos da biblioteca e do escritório de Júlio II (Giuliano della Rovere), depois nomeada Stanza della Segnatura (do latim signare, assinar). Era ali que ficava a sede do Supremo Tribunal da Santa Sé. O resultado agradou tanto que outros artistas contratados precedentemente para reformar os apartamentos foram demitidos.

Rafael e seus discípulos dedicaram-se ao trabalho de 1508 a 1524, mas só três das quatro salas foram concluídas antes da morte prematura do artista. No mesmo período em que Rafael dedicava-se aos aposentos do pontífice, Michelangelo também decorava o teto da Capela Sistina. Anedotas da época relatam que existia um clima de competição entre os dois artistas.

A Sala da Segnatura aclama Rafael como um dos gênios do Renascimento e propõe o tema da relação entre religião e intelecto e a arte como meio para chegar até a verdade e a Deus.

Salas de Rafael nos Museus Vaticanos

A obra mais famosa da sala é A Escola de Atenas, cujos protagonistas são Platão e Aristóteles e um debate sobre a verdade. Com o dedo, Platão indica o céu, única fonte de sabedoria, sustentando que o mundo é apenas uma cópia imperfeita de uma realidade superior. Aristóteles, por sua vez, com a mão na direção do chão, indica que a única realidade é aquela humana, percebida através dos sentidos.

Para homenagear seus contemporâneos, os personagens posuem a fisionomia de artistas famosos. Platão tem o rosto de Leonardo da Vinci. Euclídes é Bramante e o afresco tem até o rosto de Rafael, representado com discrição, no canto direito da obra.

No centro do afresco a figura do filósofo Eraclito que escreve seria um tributo a Michelangelo, mas provavelmente Rafael acrescentou a figura em um segundo momento. O desenho inicial do afresco, conservado na Pinacoteca Ambrosiana de Milão, não continha esse personagem. É o primo do pontífice, o duque de Urbino, Francesco Maria della Rovere.

Outra figura importante no afresco é aquela do personagem (do lado esquerdo) que fixa intensamente o expectador, quase interagindo com o espaço real.

Salas de Rafael nos Museus Vaticanos

Na Sala de Heliodoro, Rafael realizou afrescos que fazem referências ao poder protetor do papado. O nome se deve ao afresco A expulsão de Heliodorodo Templo, que faz uma alusão à vitória do papa Júlio II sobre as milícias estrangeiras na Itália. Do lado oposto, à esquerda, A missa em Bolsena relata um milagre que teria acontecido em 1263: sangue que escoou de uma hóstia sagrada diante dos olhos de um padre. Na mesma sala você também não pode deixar de observar o afresco intitulado Liberazione di San Pietro (abaixo, à esquerda), considerado o primeiro exemplo de “efeito noturno” da história da pintura.

Salas de Rafael nos Museus Vaticanos

Na Sala do Incêndio no Borgo, originalmente uma sala de jantar e em seguida ambiente dedicado à música, os afrescos exaltam acontecimentos da vida de pontífices do século IX. O mais famoso retrata cenas de pânico e refere-se a um fato de 845, quando o papa Leão IV teria extinguido um incêndio ao fazer o sinal da cruz. Não deixe de notar os detalhes dos corpos. Provavelmente, Rafael teria sido influenciado pelos personagens muscolosos desenhados por Michelangelo no teto da Capela Sistina.

Salas de Rafael nos Museus Vaticanos

Enfim, o chamado Saguão de Constantino foi concluído por seus discípulos cinco anos após a morte de Rafael e o seu tema principal é o triunfo do cristianismo sobre o paganismo. O protagonista dos quatro maiores afrescos é Constantino, o primeiro imperador romano cristão. Você também encontra uma estátua colossal do imperador nos Museus Capitolinos em Roma.

Salas de Rafael nos Museus Vaticanos

As Salas de Rafael são os ambientes que você encontra nos Museus Vaticanos antes de entrar na Capela Sistina e saltá-las significa não dar o justo peso a um dos expoentes do Renascimento italiano. Deixem que os outros corram. Você, admire toda a sua beleza.

Para evitar longas horas de espera nas filas, compre antecipadamente os seus ingressos para os Museus Vaticanos no site do nosso parceiro, a Get your Guide. É rápido, fácil e seguro! Se tiver interesse em uma visita exclusiva à Capela Sistina depois do horário de fechamento dos museus ou em uma visita guiada pelos museus e pela Basílica de São Pedro, com acompanhante em português, entre em contato com a gente através do e-mail postitalyblog@gmail.com 

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