Para o céu e para a terra: Abbadia San Salvatore, Toscana
A província de Siena, na Toscana, é repleta de cidades encantadoras.
Analisando qualquer guia turístico, fica difícil escolher quais lugares incluir em um roteiro pela região e quais, eventualmente, deixar de lado para uma próxima viagem.
A maioria dos estrangeiros opta pelas localidades mais famosas, mas as metas menos batidas pelo turismo de massa também podem reservar agradáveis surpresas em termos de belezas naturais e arquitetônicas e também revelar-se uma experiência humana.
Abbadia San Salvatore é uma cidade que reúne um lado espiritual e outro terreno, aquele da exploração das vísceras da terra através de suas antigas minas.
Localizada nas proximidades do Monte Amiata – uma montanha alta 1738 metros – Abbadia San Salvatore é famosa pela sua abadia, comunidade monástica cristã construída no século VIII.
Como muitos outros lugares de culto da Itália, a origem do local é ligada a uma história mística. Muitos acreditam que a abadia foi erguida por ordem do rei longobardo Rachis no lugar no qual o soberano teve a visão da trindade sobre uma árvore. Essa lenda é representada até hoje no brasão da cidade.
Na verdade, a construção da abadia foi parte de um plano estratégico de controle da região.
Abbadia San Salvatore é atravessada pela Via Francigena, estrada que na Idade Média era percorrida pelos peregrinos que dirigiam-se à Roma e também é circundada por férteis terrenos agrícolas.
Por alguns séculos a abadia dominou a região ao redor do Monte Amiata e expandiu-se rapidamente controlando, inclusive, áreas toscanas como a Val d´Orcia e a Val di Chiana.
Ao redor da abadia nasceu um burgo protegido por muralhas e sua supremacia durou até 1265, ano no qual foi ocupada pela República de Siena e obrigada a assinar um acordo de submissão.
Os habitantes da cidade não tiveram vida fácil até 1782, quando a abadia foi privatizada, e a sua economia só voltou a conquistar importância no século XX, com a exploração de minas de cinábrio, a principal fonte de mercúrio.
Em pouco tempo a cidade tornou-se um dos principais produtores mundiais de mercúrio e a mina só foi desativada em 1972, com a queda da demanda pelo mineral.
A mina desativada foi transformada em um museu minerário no qual os visitantes podem reviver a experiência de percorrer no escuro, mas com total segurança, um percurso subterrâneo em cima do mesmo trenzinho que os trabalhadores usavam para se locomover dentro da mina.
Depois disso, os visitantes são acompanhados por um ex minador ao museu e seu acervo. Impossível não comover-se com histórias de profissionais que dedicaram uma existência inteira a um trabalho pesado, arriscando diariamente a própria vida.
Depois da mina, outra surpresa agradável em Abadia San Salvatore é Pinzi Pinzuti, um local que seria redutivo chamar de loja porque parece ter saído das páginas de um conto de fadas.
Sua proprietária é Marcellina, mulher de voz tênue e de roupas que mais nos lembram aquela tirolesa que recebe cada cliente com um grande sorriso.
O mais surpreendente da loja fundada pelos pais de Marcellina, na década de 50, é que ela não limita-se a comercializar produtos típicos toscanos como o queijo pecorino di Pienza, azeite ou cantuccini.
A sensação é aquela de entrar em um velho sótão e de ficar com a descoberta de objetos como bichos de pelúcia, peças de porcelana, bonecas, patins, relógios, um carrossel, uma sanfona e diversos outros artigos que poderiam popular a imaginação de qualquer criança.
Você entra e mesmo sem comprar nada, e ela te oferece uma xícara de chá, um banquinho e a chance de um papo inesquecível. Afinal, não é para momentos de relax que visitamos a Toscana?
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