Bolonha, a essência de tudo o que você precisa para viver bem
Do que você realmente precisa para viver? Circulando pelas ruas de Bolonha, a capital da região da Emília-Romanha, essa era uma das perguntas que ocupava os meus pensamentos.
Entre o vai e vem de cidadãos pelas charmosas ruas decoradas com pórticos, cruzamos com a beleza de palácios medievais, jovens universitários que batem papo degustando um aperitivo, quem lê um livro ou o jornal em uma cafeteria, senhoras que escolhem a dedo e sem pressa o que comprar para o jantar na mercearia do bairro.
Eu sempre achei que Bolonha combinasse com um estilo de vida hedonista e slow e, nos últimos dias, a cidade foi alvo de criticas por conta da decisão da prefeitura de limitar a velocidade de circulação dos carros para no máximo 30 km por hora. Bom ou ruim? Alguns acreditam que não estamos prontos para adaptar nossas rotinas a esse ritmo, reduzindo por exemplo os compromissos concentrados em um unico dia. Outros acham que é uma medida valida para evitar acidentes e salvar vidas.
É comum associar cidades a estereótipos, mas no caso de Bolonha os seus três apelidos traduzem perfeitamente a alma bolonhesa: dotta, grassa e rossa (culta, gorda e vermelha). Toda a região da Emília-Romanha é caracterizada por uma rica agricultura, cidades com grande patrimônio artístico, uma efervescente agenda cultural e uma invejável qualidade de vida.
Bolonha é considerada dotta ou culta porque ali foi fundada a universidade mais antiga do mundo ocidental. É grassa ou gorda devido a sua fama de importante centro gastronômico e amor pela cozinha. Algumas das especialidades mais gulosas da culinária italiana, como a mortadella, o queijo parmigiano reggiano ou os tortellini são pratos típicos da região.
Rossa ou vermelha devido às tonalidades de cores quentes de seus principais edifícios e porque a cidade foi governada pelos comunistas por mais de cinco décadas.
O que mais me fascina em Bolonha é o fato que se trata de uma cidade cosmopolita mas, como de diz na Itália, “a misura d´uomo”. Tranquila e segura, pode ser percorrida a pé facilmente e suas principais atrações concentram-se no centro histórico.
Suas duas praças centrais são a famosa Piazza Maggiore e a Piazza del Nettuno. Na primeira ficam alguns dos palácios mais importantes da cidade, como a Basilica di San Petronio – a sexta maior da Europa – o Palazzo Comunale (sede da prefeitura), o Palazzo del Podestà, construído no século XIII, e o seu pórtico mais famoso, o Pavaglione, que estende-se desde a Via De’ Musei fino até a Via Luigi Carlo Farini, seguindo Via dell’Archiginnasio.
Se você observar com atenção a Basilica di San Petronio, o padoreiro da cidade, notará que ela nunca foi terminada. Erguida para competir em grandeza com a Basílica de São Pedro em Roma, seu acabamento em mármore chega até a metade. Pouca gente sabe que no passado o Papa Júlio II contratou Michelangelo para realizar para a igreja uma sua estátua em bronze, em seguida destruída durante uma guerra.
Em seu interior a atração principal 22 capelas com obras de arte importantes, vitrais raros e o órgão mais antigo do mundo, ainda em funcionamento. No campanário de San Petronio e seus quase 70 metros de altura encontram-se sinos de bronze que ainda hoje são curiosamente tocados com os pés e as mãos, convidando os fiéis a participarem da missa.
Nos arredores da Piazza Maggiore também fica o “Quadrilatero”. Se trata de uma área comercial e artesanal que surgiu na Idade Média e que concentrava atividades como aquele realizada por ourives, pintores e outros profissionais. Delimitada pela via Rizzoli, piazza della Mercanzia, via Castiglione, via Farini, piazza Galvani e via dell’Archiginnasio, a zona é repleta de lojas (sobretudo de comida) e restaurantes.
A qualquer hora do dia ou da noite, o Quadrilatero e ruas próximas como a Via Pescherie Vecchie e Via Drapperie ficam cheias de moradores que passeiam, comem, paqueram ou admiram vitrines. Bolonha é uma cidade universitária e grande parte da “movida” e da agitação bolonhesa deve-se aos jovens. Na Piazza Nettuno o destaque é a estátua homônima projetada em 1566 por Tommaso Laureti e decorada com figuras de bronze de Giambologna.
Outros símbolos de Bolonha são suas torres medievais construídas por famílias importantes no século XII. Na época, existiam mais de cem delas na cidade, mas hoje as mais famosas são a Torre degli Asinelli (fechada desde outubro de 2023 para manutenção porque corre risco de cair) e Garisenda, citada inclusive na Divina Comédia de Dante Alighieri.
Bolonha ainda não é uma das metas privilegiadas pelos brasileiros que visitam a Itália, mas não fica devendo nada em beleza e atrações para rivais de peso como Roma ou Florença. A cidade pode ser visitada facilmente por quem está na capital e pretende viajar pelo país de trem (cerca de 2h15 de viagem) e graças aos pórticos pode ser visitada até nas estações com clima mais rígido ou instável.
É bom saber: O Bologna Welcome é o centro de informações turísticas da cidade e fica na Piazza Maggiore 1/e. ou no aeroporto G. Marconi. Site: www.bolognawelcome.com
Principal estação Ferroviária: Bologna Centrale, Piazza Medaglia d´Oro. De lá você chega facilmente a Via dell´Indipendenza, uma das principais ruas do comércio de Bolonha.
Hospedagem: as tarifas dos principais hotéis não são muito em conta, mas é possível alugar um apartamento para poucos dias de férias por preços acessíveis.
Gostei muito do blog, muito simples com ótimo conteúdo de conhecimento sobre a Bolonha!
Gosto muito de pesquisar sobre cidades e países!
Que legal Raphael! Fico feliz! 🙂
Pois é, já fui várias vezes a Itália mas, por incrível que pareça, nunca fui a Bolonha. Shame on me. Obrigado pela partilha e pela inspiração (gostei muito do post). Grande abraço e boas viagens.
Bom dia e obrigada Felipe! Bolonha merece muito uma visita. A cidade é linda, culta e gulosa. Espero que volte em breve! 🙂
Que bom que você gostou de Bolonha. Eu morei lá quase 3 anos e achei uma cidade muito complicada e difícil. Cara demais, além de a qualidade da água, do ar e das moradias serem péssimas. Calor e frio extremos, quase não tem meio termo. As pessoas são muito grossas também e tem uma formalidade que beira a arrogância. Não gostei mesmo…
Que pena Angelica! Questão de gosto mesmo. Eu adorei a cidade.