A Itália do cappuccino de olhos puxados
Semana passada assisti na RAI, a TV estatal, um documentário intitulado “Cina Mon Amour”.
O programa abordava as consequências do boom econômico asiático, como antigas zonas rurais agora em contínua urbanização, o crescente poder aquisitivo dos jovens residentes no país e a menor propensão de seus habitantes a emigrar em busca de oportunidades de trabalho. Mas o que isso tem a ver com a Itália? Muito.
Para quem mora aqui, basta um olhar mais atento para notar que os paradigmas ligados à relação italianos-chineses estão invertendo-se e não só nos bairros multiétnicos.
Segundo dados divulgados em outubro pela Università di Brescia, atualmente cerca de 327 multinacionais chinesas operam em território nacional e empregam aproximadamente 18.300 italianos.
Os cidadãos chineses regularmente residentes na Itália são cerca de 210 mil, enquanto as empresas administradas por chineses 41 mil. A maior parte delas concentra-se no norte da Itália e, em Milão, 5,3% das empresas são de proprietários chineses.
Independentemente das estatísticas oficiais, eu me baseio naquilo que vejo e basta circular por alguns bairros romanos para notar lojas, salões de beleza, restaurantes e cafeterias cujos proprietários são chineses e a mão de obra italiana. Os chineses entram com o capital, os italianos com o know-how.
Do ponto de vista do marketing, pelo menos em teoria, um cappuccino preparado por um italiano é mais genuíno do que aquele preparado por profissionais de qualquer outra nacionalidade.
A China também transformou-se na nova terra prometida para muitos cidadãos italianos.
De acordo com os números publicados pela AIRE (Anagrafe degli Italiani Residenti all’Estero), em 2012 o número de italianos que transferiram-se em território chinês a procura de oportunidades de emprego chegou a 7 mil pessoas.
No entanto, essas estimativas poderiam ser ainda mais significativas, considerando que nem todos os italianos residentes no exterior inscrevem-se no registro da AIRE.
Empresários chineses também conquistam uma importante fatia do mercado do made in Italy.
O magnata Zhou Xiaochuan, da People’s Bank of China, detém ações de empresas como Fiat, Telecom, Eni E Enel e o grupo toscano Salvov, por exemplo, detentor das marcas de azeite Sagra e Berio, assinou um acordo com a chinesa Yimin, do grupo Bright Food, estrada perseguida por outros nomes importantes da indústria italiana.
Você tem certeza que compra e consome mesmo produtos 100% made in Italy?
Oi Anelise, aqui perto de Firenze,em Prato, as placas e cartazes estradais são escritos em mandarim. O made in Italy nas mãos dos chineses è impressionante! Qual a consequència desse fator? Complexa demais essa questão. Speriamo bene! bacione, Denya
Pois é, Denya. Vi varios documentarios sobre Prato, inclusive um que comentava como os chineses tornaram-se fornecedores de grandes marcas de luxo do made in Italy. Até ai tudo bem. O problema são as condições de trabalho dessas pessoas e o fato que as marcas declaram que “não sabiam” que tais licitações foram realizadas assim… em condições precárias
Foi uma das coisas que mais me chamou atenção em nossa viagem a Itália, realmente são muitos asiáticos, sem entrar no mérito, fiquei espantado principalmente em Veneza.
Ai pelo menos os funcionários são italianos. Aqui, em Barcelona, os donos são chineses e os trabalhadores chineses.
Pois é, essa é uma situação cada vez mais comum por aqui!