Caro amico ti scrivo. Monte del Lago e o Festival das Correspondências
Papel e caneta. Esses objetos quase desconhecidos entre a geração Z, principalmente nos países onde, no processo de alfabetização, o caderno de caligrafia cedeu espaço ao tablet.
Uma de minhas melhores recordações do colegial era um evento que organizava de maneira amadora com as amigas da mesma classe: a semana da correspondência. Nada se comparava ao prazer de saber que alguém dedicou seu tempo redigindo linhas especialmente para você.
Até mesmo uma parte significativa da herança intelectual de grandes profissionais e escritores deve-se às correspondências. Já imaginou, por exemplo, o conteúdo das trocas de cartas entre Freud e Jung?
Hoje o e-mail e os serviços de mensagens instantâneas não deixam margem para a expectativa daquilo que encontramos na caixa dos correios, mas tenho nostalgia do período em que, quando eu ainda morava no Brasil e meu marido na Itália, trocávamos longas cartas e cartões postais que transformaram-se em um álbum de correspondências.
Pessoalmente, ainda acredito no fascínio da escrita e acho que não sou a única. Do contrário, por que milhares de pessoas do mundo todo ainda escrevem para uma suposta Julieta, em Verona?
Palavras têm um peso que não pode ser medido em quilos ou gramas, mas são tão potentes ao ponto de ferir ou curar. De massagear o ego, a alma. Por isso, quando li a respeito de Monte del Lago, na Úmbria, fiquei curiosa e fui conhecer a cidade. Todos os anos, no segundo final de semana de setembro, ali acontece o Festival das Correspondências (Festival delle Corrispondenze).
Monte del Lago é um pequeno vilarejo medieval da província de Perugia, não muito distante do Lago Trasimeno. Como outros burgos da região da Úmbria, ali a vida é marcada pelo ritmo lento.
Circulando entre os seus becos a gente cruza com sacadas floridas, com janelas que emanam aroma de molho no fogão. Com varais nas calçadas. Com o filho que, da janela, joga a mãe que quer evitar as escadas. Com quem passa as manhãs pescando à beira do lago ou cuidando das oliveiras do próprio jardim.
A calma do vilarejo atrai turistas estrangeiros, principalmente franceses e holandeses que ali compram suas casas de veraneio. Uma das propriedades de maior prestígio em Monte del Lago, a chamada Villa Riccardo Schnabl Rossi, que no passado recebeu hóspedes ilustres como Giacomo Puccini, foi comprada e reformada por um arquiteto holandês.
Durante o verão, a pacata Monte del Lago fica mais movimentada que nunca e durante o Festival das Correspondências o inteiro vilarejo é ocupado por atrações e eventos como laboratórios de escrita para adultos e crianças, cantinhos de leitura.
E não é só isso. Também há espaços para aprender a técnica da costura de livros antigos, mostras, shows musicais, degustação de produtos típicos a luz de velas e, principalmente, mesas espalhadas pela cidade inteira convidando os visitantes a escreveram cartas que, em seguida, serão despachadas pelos organizadores do festival.
Se a sua viagem para a Itália não coincidir com o mês de setembro, Monte del Lago é sempre uma boa pedida nos meses do verão europeu.
A cidade protegida por uma muralha do século XIV tem edifícios graciosos, como a igreja ou Chiesa di Sant’Andrea, cantinhos que rendem ótimas fotos e uma cafeteria para curtir a brisa à beira do lago ou, de lá, aventurar-se em um passeio de barco.
TRANSFERS: Se procura motoristas confiança para te pegar no aeroporto ou para te acompanhar até o hotel ou em qualquer bate e volta, reserve o seu transfer aqui.
RESERVA DE HOTÉIS: Esse blog só existe graças à colaboração de cada um dos leitores. Por isso, se você realizar a sua reserva através dos links do Booking.com aqui no Post-Italy.com, as plataformas repassam uma pequena comissão para nós e você paga menos pelo seu hotel. Você apoia o nosso site e já sai do Brasil com tudo programado.
SEGURO DE VIAGEM: Ninguém merece imprevistos durante uma viagem. Compare preços e reserve também o seu seguro de viagens, evitando qualquer perrengue durante a sua permanência no exterior.