Castello di Gargonza: como se hospedar em um castelo na Toscana

Se há algo que perturba um jornalista é a rapidez com a qual uma notícia se torna obsoleta. Depois de ler um jornal ou uma revista, a maioria dos mortais joga suas páginas no lixo ou as usa para fins menos nobres como forrar gaiolas ou apoiar em cima a caixinha de areia do próprio gato.

Credits: gargonza.it

Aqui na Itália jornal velho não serve nem para embrulhar o peixe, devidamente embalado em um papel branquinho e em um saco biodegradável.

Eu já tenho uma mania. Desde que me conheço por gente, assim como Nanni Moretti em Aprile, coleciono artigos de jornais. Às vezes porque o culto da palavra me impede de desvencilhar-me de algo que exigiu trabalho, pesquisa. Outras porque o assunto me interessa tanto que merece uma segunda leitura, um aprofundamento.

Um dos retalhos que havia conservado era dedicado à Val di Chiana, uma parte menos turística mas não menos fascinante na Toscana. Um dos lugares que mais havia me chamado a atenção era o Castello di Gargonza, um antigo vilarejo agrícola localizado sob as colinas da província de Arezzo, mais precisamente na graciosa cidade de Monte San Savino. E assim decidimos explorar esse outro lado da Toscana.

Ainda hoje é uma das fortalezas mais bem conservadas da região e um oásis procurado sobretudo por estrangeiros em busca de uma Toscana autêntica.

O Castello di Gargonza reflete vários períodos do glorioso passado toscano. Até Dante Alighieri teria passado por lá em 1304 para um encontro entre guelfos (partidários do Papado) e guibelinos (partidários do Sacro Império Romano Germânico).

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Foi disputado por Siena e Florença e por volta de 1600 transformado em propriedade rural de marqueses. Durante séculos, muitos proprietários feudais compartilhavam a terra com os servos, que dedicavam-se ao trabalho agrícola e dividiam com o feudatário as despesas e os lucros de tal atividade.

Esse sistema era conhecido como mezzadria. Geralmente, os camponeses moravam em casas improvisadas nas proximidades da propriedade nobre, até que começaram a construir moradias mais confortáveis chamadas de case coloniche.

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Chegar no castelo já é uma viagem entre estradas circundadas de bosques. Você encontrará várias placas com indicações até avistar o castelo e a sua torre, circundados por uma cinta murária. Há um estacionamento no local e a primeira sensação ao chegar lá é aquela de voltar no tempo ou de entrar em um set cinematográfico. O mais fascinante desse antigo vilarejo agrícola é que depois de ter sido abandonado no período na Segunda Guerra Mundial a partir da década de 70 o Castello di Gargonza foi restaurado e transformado em uma estrutura hoteleira que adere à iniciativa Abitare la Storia (Morar na História).

Locais como aqueles reservados para espremer azeitonas, a área utilizada antigamente como cantina de vinhos e estábulos de cavalos hoje são quartos e apartamentos no melhor estilo toscano.

Há quem organize até o próprio casamento no castelo mas se você só estiver de passagem pela região da Val di Chiana pode visitar tranquilamente a estrutura e passear entre seus jardins, torre, ruelas, conhecer a sua igreja e suas casas recobertas de parreiras de uvas.

Enquanto caminha, não é difícil imaginar o cotidiano do vilarejo no passado. Na torre do castelo também funciona um restaurante de cozinha típica toscana e que serve pratos como o clássico pici al ragù.

Informações: O Castello di Gargonza fica a 6km de Monte San Savino e a 28 km de Arezzo, na Toscana. Para chegar lá, percorrendo a rodovia A1, pegue a saída para Monte San Savino e siga até Gargonza com a Strada Statale 73. A diária média para um quarto de casal, incluindo o café da manhã, oscila entre 170 e 190 euros.

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