O castelo das fadas fica em Poppi, Arezzo

Arezzo é uma cidade que possui um significado especial para mim. Ali nasceu minha bisavó, uma mulher que conheci através de fotografias desbotadas e da oralidade. Histórias contadas de geração em geração.

Já visitei a cidade várias vezes, inclusive o seu mercado de antiguidades, mas no último verão fomos até à província de Arezzo conhecer o castelo toscano de Poppi, um burgo medieval do chamado Valle del Casentino. Nessa área fica o Parco Nazionale delle Foreste Casentinesi. Se trata de um parque protegido de 36 mil hectares situados entre as regiões Toscana e Emilia Romagna. A zona é rica de história, paisagens incontaminadas e monumentos de grande valor arquitetônico como mosteiros e santuários.

Considerado “uno dei borghi più belli d´Italia”, Poppi é circundada por uma cinta muraria e no alto da cidade desponta o imponente castelo fundado pela nobre família dos condes Guidi. A beleza do castelo é tanta que muitos casais alugam o edifício para festejar o próprio casamento.

Os históricos contam que a dinastia dos Guidi existia desde o século X e que os irmãos Simone e Guido – que viveram durante o século XIII – exerceram um papel importante na vida da antiga Repubblica Fiorentina.

Construído no século XIII, o edifício é um protótipo do Palazzo Vecchio em Florença e graças a vários restauros foi perfeitamente preservado.

O castelo foi uma propriedade da família Guidi até 1440, ano no qual, por aliar-se com o Duque de Milão contra os florentinos – um dos membros da família foi acusado de traição. O imóvel passou a pertencer a Repubblica Fiorentina e o palácio foi transformado em sede do Vicariato do vale do Casentino.

Sua aparência atual pode ser atribuída as intervenções dos arquitetos da família Cambio e o seu portão principal, de 1477, é obra de Baldassarre Turriani.

Entrando no castelo você percorre as páginas dos livros de história. Depois de cruzar o portão você terá acesso a um pátio interno e, logo em seguida, ao seu salão principal e as celas dos castelo. É difícil resistir ao fascínio de suas paredes recobertas por brasões ou aquele de uma escada muito cenográfica que lembra os desenhos impossíveis e os padrões geométricos repetitivos do artista holandês Maurits Cornelis Escher.

No térreo também fica o Museo della Battaglia di Campaldino. Em 1289 os arredores do castello dei Conti Guidi testemunharam um fato histórico. Ali aconteceu a famosa batalha de Campaldino entre guelfos e guibelinos, duelo do qual participou ninguém menos que Dante Alighieri.

No segundo andar, fiquei impressionada com a biblioteca com mais de 25 mil títulos e raros manuscritos medievais (ambiente que não pode ser fotografado) e com a capela particular da família Guidi. O ambiente foi decorado com afrescos de Taddeo Gaddi, aluno de Giotto.

As salas do castelo são fascinantes e quem tiver fôlego pode visitar a sua torre campanaria.

O percurso que leva até o topo do castelo é repleto de escadas e não aconselhável para quem sofre de claustrofobia ou vertigens. Também é preciso organizar a subida para que ela não coincida com o soar dos sinos. Os horários são sinalizados e o castelo pode ser visitado durante o ano todo.