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Especial Piemonte. Descubra a região do norte da Itália sofisticada por natureza e meta de excelências gastronômicas

Uma combinação de castelos, lagos e colinas com vinhedos tombados pela Unesco e vinícolas que produzem alguns dos melhores tintos do mundo. Trufas, montanhas e vilarejos encantados que se encaixam perfeitamente na tendência de viagem de 2025: JOMO (Joy of missing out), ou seja, o prazer de desvendar um destino tranquilo e fugir de lugares frequentados em massa pelos viajantes.

A bruma constante. Os Alpes que circundam cidades como Domodossola ou as colinas verdejantes que abraçam os minúsculos vilarejos na região do Langhe. Lagos românticos com suas próprias ilhas. Casinhas com chaminés e telhados de pedra cinza que se alternam a paisagens dominadas por castelos. Centrais elétricas que são verdadeiras joias arquitetonicas. A meta certa para comer e beber bem.

Piemonte Italia

Se você ainda está elaborando o seu roteiro de viagem pela Itália, abra o mapa do Belpaese e observe com atenção o Piemonte, essa região do norte do país, um pouco maior que o Rio Grande so Sul, e que é um microcosmo que concentra tudo aquilo que um ser humano pode desejar.

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Sofisticado por natureza, o Piemonte herdou os ares nobres de seu passado. Turim foi a primeira capital italiana e a “casa” da monarquia dos Savoia, uma das dinastias mais antigas da Europa. Ali nasceram indústrias que já foram emblemas do boom econômico no pós-guerra, como a Fiat, e visionários que deram origem a empresas inovadoras, com uma concepção humana e social de negócio, como a Olivetti ou a Ferrero. Uma cidade que também evoluiu graças à mão de obra de milhares de operários do sul da Itália. No tocante documentário “Meridionali a Torino” o sacrifício de homens, principalmente sicilianos, que se prestavam a ser considerados simplesmente braços é palpável. Deixavam suas famílias na ilha para trabalhar arduamente e muitas vezes dividir o preço de uma cama com outros “paesani” que ocupavam em dezenas um único quarto.

A vibrante Turim pode ser o ponto de partida para você explorar uma rota que inclui o lado rural, aristocrático e bucólico do Piemonte. Em sua capital, não perca atrações como a Mole Antonelliana – o monumento símbolo de Turim, que hospeda o Museo Nazionale del Cinema, o Palazzo Reale, sede da família real dos Savoia de 1660 até a unificação italiana, a Basílica de Superga, o Santo Sudário que teria envolvido o corpo de Cristo, a casa de caça Stupinigi e a o riquíssimo Museu Egipcício, um dos mais importantes do mundo.

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Mostra de Giuseppe Penone na Fondazione Ferrero em Alba

Não existe uma rota específica para desvendar essa terra que pede um ritmo de viagem lento e exige o aluguel de um carro para que possa desfrutar de cada etapa e fazer pausas estratégicas em estradas sinuosas para admirar paisagens como aquelas de colinas dominadas por castelos ou paisagens cenográficas, principalmente no outuno, quando os diversos tons de marrom e laranja dominam vinhedos tombados como patrimônio Unesco.

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Tartare de fassona piemontesa, vinhos excelentes no restaurante La Piola, em Alba, e as trufas brancas de Alba

Se em 2025 uma das tendências do setor de viagens será o conceito de JOMO (joy of missing out), ou seja, a alegria de descobrir um destino menos lotado e menos concorrido, o Piemonte combina perfeitamente com esse tipo de experiência.

Aqui, cinco sugestões de experiências para vivenciar ao máximo a alma piemontesa.

O charme dos lagos

Para unir em um único passeio lagos e ilhas, programe-se para conhecer o vilarejo de Orta San Giulio, que fica a cerca de 1h30 de carro de Milão ou Turim, na província de Novara.

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Villa Crespi

O “borgo” se tornou ainda mais famoso depois que Villa Crespi, hotel de luxo com restaurante chefiado por Antonino Cannavacciuolo (um dos jurados da versão italiana de Masterchef) foi premiado com três estrelas Michelin.

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Vista do lago de Orta San Giulio

Na parte mais alta do vilarejo fica o Sacro Monte, construído entre 1591 e 1770 e dedicado a São Francisco de Assis. Ao longo da subida encontram-se 21 capelas, a maioria em estilo barroco, com figuras e cenas da vids do santo. No Piemonte existem sete “sacro monti”. Se trata de complexos arquitetônicos classificados como patrimônio da humanidade pela Unesco e idealizados com um objetivo didático. Durante a Contrarreforma (conjunto de ações para barrar o avanço do Protestantismo na Europa) , foi uma iniciativa eficaz para difundir as sacras escrituras aos fiéis, inclusive aqueles analfabetos, de maneira evocativa e atraindo a devoção popular.

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Travessia de barco para chegar à Ilha de Orta San Giulio, Sacro Monte (à direita, no alto) e vista da Ilha.

Das margens do lago partem pequenas embarcações para chegar, em poucos minutos, até a Ilha de San Giulio. Ela leva o nome de São Júlio que, segundo a lenda, teria fugido da Grécia e chegado ao local em 390 d.C.

Com seu manto, ele teria atravessado as águas e utilizado uma bengala para combater serpentes e dragões. O bem que vence o mal. Com a força de sua retórica, cumpriu sua missão evangelizadora em um local antes pagão.

Na ilha hoje residem 80 freiras de clausura e os turistas podem percorrer um breve itinerário a pé dedicado ao silêncio.

De Orta San Giulio, percorrendo menos de 80 quilômetros você pode chegar até o Lago Maggiore, o segundo maior lago da Itália, que se estende entre o Piemonte, a Lombardia e a Suiça.

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Lago Maggiore

Emoldurado por colinas e pelos Alpes, o lago é margeado por belas cidades de veraneio como Stresa, com suas mansões e hotéis de luxo, como o recém-inaugurado Boutique Hotel Stresa.

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Cidade de Stresa, Lago Maggiore

As principais atrações do Lago Maggiore são suas ilhas, com destaque para a Isola Madre, Isola Bella e Isola dei Pescatori. As duas primeiras são uma propriedade particular e fazem parte das chamadas “isole borromee”, nome que deriva da familia nobre dos Borromeo, que ali construiram luxuosos palácios e jardins que podem ser visitados de março a outubro.

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Isola dei Pescatori

Já a Isola dei Pescatori, a única habitada de maneira regular e sede de um museu dedicado à pesca, merece uma pausa mais longa. Não tenha medo de conversar com os locais, que terão grande prazer em compartilhar as tradições da ilha e de seus cidadãos ilustres, como o violinista Ugo Ara e da família Lamberti.

Em Stresa, no calçadão na beira do lago, é possível comprar os bilhetes para o transporte de barco que atravessa as ilhas.

No inverno, acontece nas ilhas “Isole di Luce”, espetáculo que projeta luzes nas ilhas.

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Isole di Luce no Lago Maggiore

Para mais informações: www.distrettolaghi.it

Alba, Langhe e a sua enogastronomia de primeira

Como uma cidade de pouco mais de 30 mil habitantes da província de Cuneo e os seus arredores se tornaram a “meca” gastronômica italiana?

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Para começar, no Piemonte nasceu o movimento “slow food” e Alba é a cidade das trufas brancas, uma iguaria rara e apreciada por chefs de cozinha do mundo todo. Todos os anos acontece ali a Fiera Internazionale del Tartufo Bianco d’Alba, que além de vender o produto também prevê iniciativas como masterclass com análise sensorial das trufas, aulas de culinária e um museu dedicado às trufas, o Mudet.

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A região do Piemonte reúne algumas das excelências gastronômicas italianas. É uma das áreas vitivinicultoras mais invejadas do mundo. Aquela que produz tintos nobres como o Barolo, o Barbaresco, a Barbera, vinhos de meditação como o Barolo Chinato ou o Vino Passito Cantagal. Por isso, aproveite para reservar uma degustação em uma de suas excelentes vinícolas.

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É difícil criar um ranking entre as cozinhas regionais italianas, mas com certeza aquela do Piemonte agrada os paladares mais exigentes. A região tem restaurantes estrelados e em Alba fica o Piazza Duomo, três estrelas Michelin comandado pelo chef Enrico Crippa.

Se o seu orçamento não for compatível com um restaurante estrelado, a opção para lá de válida é La Piola, a segunda proposta gastronômica da família Ceretto. No dialeto local, “piola” indica a osteria onde é possível degustar pratos típicos e vinhos locais e garanto que não vai se decepcionar.

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Na região a carne é superlativa. Prove a tartare de carne crua da raça fassona piemontese ou o vitello tonnato. Como prato principal, o tajarin (pasta fresca bem finiha feita com grande quantidade de gemas de ovos) e os ravioli ou agnolotti del plin (recheados) são imperdíveis.

Os queijos são um capítulo à parte. Além do famoso Castelmagno, você pode provar, por exemplo, a Toma piemontese, o Bra e o Raschera.

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Interior Duomo de Alba

Entre os doces, os meus preferidos no Piemonte são o gianduiotto (com chocolate e avelãs) e o bunet (pudim com chocolate e amaretti).

Castelos

Como se não bastasse a paisagem composta por vinhas enfileiradas que parecem formar anfieatros que acompanham o relevo das colinas, e se eu te disser que na região do Langhe, Roero e Monferrato você encontrará diversos castelos seculares, símbolos do poder de famílias nobres que disputavam o domínio dessas terras férteis?

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Eu tive a chance de visitar aquele de Roero di Monticello d’Alba, uma das construções medievais melhor preservadas do Piemonte e propriedade da mesma família desde 1376.

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O castelo é aberto à visitação nos finais de semana, possui um restaurante e aceita hóspedes em sua foresteria. Para mais informações, www.roerodimonticello.it

Domodossola

Aqui a paisagem muda radicalmente. Essa cidadezinha circundada por montanhas nevadas poderia ser o cenário ideal para um conto de fadas escrito por Walt Disney. Casinhas com tetos de pedras acinzentadas e chaminés trabalhando intensamente que emamam nuvens capazes de capturar sonhos.

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Como não definir assim um evento como aquele que, durante o mês de agosto, une em uma caravana as cidades de Domodossola e Lucerna, na Suiça?

Durante a chamada Sbrinz Route, centenas de pessoas atravessam espetaculares estradas secundárias que em um percurso de 150 km unem Itália e Suiça, levando consigo burros que transportam alimentos como formas de queijo Sbrinz.

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Exemplo de casa historica em Domodossola

A manifestação relembra a importância da antiga rota comercial entre esses dois países até chegar na Piazza del Mercato, em Domodossola, onde os figurantes são recebidos com uma festa.

De Domodossola você também pode chegar facilmente a pistas de esqui ideais para famílias como aquela de Piana di Vigezzo – Craveggia/​Santa Maria Maggiore ou organizar um passeio para lá de cenográfico com o trenzinho do foliage que, durante o outono europeu (de outubro a novembro), une a cidade até Locarno, passando por bosques com diversas tonalidades alaranjadas. Para mais informaçoes, consulte o seguinte site: https://prenota.vigezzinacentovalli.com/

Se prefere ver lagos e paisagens nevadas, outra opção é o chamado Trenino Verde que de Domodossola chega até Briga e Berna, na Suiça. Durante o trajeto, é possível subir e descer do trem nas paradas que quiser e, com a mesma passagem, voltar da Suiça de barco, atravessando o lago de Thun.

Para mais infomações, consulte: https://www.bls.ch/it/freizeit-und-ferien/ausflug/trenino-verde-delle-alpi

Centrais elétricas como você nunca viu

Externamente, você pode ter a sensação de estar diante de um castelo ou de uma pagoda oriental. Só que na verdade, só entrando nesses edifícios espalhados entre as montanhas da Val d’Ossola, quase na fronteira com a Suiça – uma das mais importantes bacias hidrográficas italianas – para entender que estamos no interior de uma central hidroelétrica.

Comunemente chamadas de “catedrais de pedra”, elas foram projetadas no início do século XX pelo extravagante arquiteto milanês Piero Portaluppi, parente do engenheiro e industrial Ettore Conti, considerado o “magnata da eletricidade”, já que se casou com sua neta, e professor do Politécnico de Milão.

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Centrais desenhadas pelo arquiteto Portaluppi

De estilo arrojado, as centrais se tornaram metas procuradas por fotógrafos e amantes da arquitetura industrial. Porque para Portaluppi até um lugar anônimo como uma central hidroelétrica poderia conquistar grande personalidade e transformarem-se em um excelente veículo propagandístico.

As centrais mais famosas desenhadas pelo arquiteto são aquelas de Verampio, Crego , Crevoladossola e Cadarese.  Elas funcionam ainda hoje, administradas pela Enel, e fornecem energia para o Piemonte e regiões limítrofes.

As centrais são abertas ao público para visitação e, ouvindo as anedotas e as explicações de quem trabalha no interior das centrais há anos, circundados pelas montanhas, a gente nota que entre quem vive na Val d’Ossola existe quase uma língua secreta, um léxico particular. Não para se isolar, mas para alimentar o sentido da palavra “comunidade”. Cada cidadão sente na pele a responsabilidade pela segurança da área e bem-estar de todos.

Para visitar as centrais contatar: Aree Protette dell’Ossola enviando e-mail para comunicazione@areeprotetteossola.it com pelo menos 20 dias de antecedência.

Para mais informações sobre o Piemonte, consulte o site: www.visitpiemonte.com

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