25 de abril na Itália: da libertação à constituição
Nenhuma outra festividade do calendário italiano é tão controvertida como 25 de abril (Liberazione), aniversário da liberação da Itália do domínio nazifascista.
Foi no dia 25 de abril de 1944 que o Comitato di Liberazione Nazionale Alta Italia (CLNAI) – o órgão que coordenava os diversos grupos da Resistenza no norte do país – assumiu o poder civil e militar e ordenou a insurreição nos territórios ocupados por nazistas e fascistas.
No mesmo ano os soldados do exército americano e britânico desembarcaram nas cidades costeiras de Anzio e Nettuno para libertar Roma na Segunda Guerra Mundial. Essa iniciativa foi chamada de operação Shingle.
Esse feriado possui um forte valor simbólico e ocupa um lugar relevante na memória coletiva dos italianos, mas ao mesmo tempo também divide a opinião pública.
Há quem sustente que a Itália só tornou-se uma República graças aos esforços dos partigiani, guerrilheiros antifascistas que defenderam os seus ideais com a própria vida.
O lado mais obscuro da Liberazione é que essa importante página da história italiana comportou uma sangrenta guerra civil entre dois tipos de italianos: aqueles que colaboraram com o regime de Mussolini e os cidadãos que lutaram com unhas e dentes por uma Itália democrática.
Mussolini foi executado e o seu corpo exposto no Piazzale Loreto, em Milão. Aqueles que simpatizavam com a ideologia fascista foram perseguidos e a presença das forças aliadas também gerou polêmicas.
Se no país vítima da ocupação nazifascista assistiam-se cenas enternecedoras como um soldado que presenteia uma criança italiana com chocolate ou chicletes, Roma e província sofreram enormemente com bombardeios, a fome e inúmeros casos de estupro. Quem assistiu Duas mulheres (La Ciociara), com Sophia Loren, provavelmente emocionou-se com aquela Itália retratada no filme.
Apesar de declarar-se cidade aberta, o bairro de San Lorenzo, em Roma, foi um dos mais atingidos pelos bombardeios.
Concluo esse post com um parágrafo que é uma imagem. O trecho do livro Scemo di Guerra, do tanlentosissimo escritor e dramaturgo Ascanio Celestini:
Para saber mais sobre essa data, não deixe de ouvir o nosso podcast:
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