Galleria Nazionale d’Arte Moderna em Roma. Não precisa entender, basta sentir

No tronco de uma árvore situada na frente da Galleria Nazionale d’Arte Moderna e Contemporanea (GNAM) em Roma um artista romano (Andrea Gandini) esculpiu  um rosto e alguém – com a ironia de quem colocaria bigodes à Monna Lisa – acrescentou a ele a frase “quest’arte non la capisco” (essa arte eu não entendo). É um sentimento comum que acaba afastando muita gente da arte, muitas vezes considerada esnobe demais.

Vai dizer que você não conhece ninguém que diante de um quadro com duas bolinhas coloridas já exclamou algo do tipo “Eu faria bem melhor por menos!” ou nunca pensou que é um absurdo gastar rios de dinheiro para comprar uma obra de arte leiloada por milhões de euros.

E se eu te disser que conheço um lugar em Roma que pode mudar a sua percepção sobre a arte? Uma galeria onde você não precisa entender de correntes ou períodos artísticos para sentir a arte e deixar que ela provoque sentimentos em você?

Aqui no blog já falei sobre o prazer retrô de pegar o bonde 19 e atravessar a Roma de uma parte a outra. Uma das partes mais legais do trajeto é quando o bonde chega ao elegante bairro Parioli e percorre Viale delle Belle Arti, cruzando com lugares como o Museo Nazionale Etrusco de Villa Giulia, o parque de Villa Borghese e a Galleria Nazionale d’Arte Moderna e Contemporanea.

É exatamente nesse ponto que você chega a ficar desorientado. Não é essa aqui a Roma fotograda nos cartões postais, mas a sensação de ruptura com a imagem-caricatura da cidade não é negativa, eu garanto.

Descendo na parada que fica bem em frente da Galleria Nazionale d’Arte Moderna e Contemporanea você se sentirá pequeno diante das escadarias e de obras de arte monumentais expostas ao ar livre. É nesse lugar de revolução estética que no dia 1 de março de 1968 acontecia o clímax da passeata do movimento estudantil que mudou os rumos do clima já tenso entre cerca de 4 mil universitários e policiais.

Não tendo acesso à sede “blindada” da universidade de arquitetura Valle Giulia – ali nos arredores – o movimento decide invadir as ruas, transformando-se em um conflito violento que a polícia não consegue sufocar.

A Galleria Nazionale d’Arte Moderna e Contemporanea é um espaço que em termos de espaços, qualidade do acervo e orginalidade das obras não fica devendo nada para grandes outros museus europeus.

Se você é o tipo de pessoa que assim como eu gastaria um dia inteiro no Metropolitam Museum of Art, em New York, então esse é um lugar para você não deixar de visitar em Roma.

Acreditem, museu nem sempre é sinônimo de tédio garantido e na GNAM vocês podem levar até crianças porque é uma galeria onde há muito espaço para o lúdico. Lá você não precisa entender de arte para aprender a apreciá-la. 

Entrando, você nota na hora que seus ambientes são repletos de luz e que até o adolescente de cara amarrada fica curioso diante de obras de arte que parecem mutantes de peças recicladas, de uma piscina feita de gel, de cães raivosos diante de telas, de aparente carne de abate pendurada na parede ou da genialidade de Lucio Fontana ao cortar suas telas.

A Galleria Nazionale d’Arte Moderna e Contemporânea possuí um acervo fixo e também organiza mostras temporárias. Entre os nomes que fazem parte da coleção do museu estão Auguste Rodin (com mais de uma escultura), Joan Mirò (Il Compianto degli Amanti), Gustav Klimt (As três idades da mulher), Van Gogh (O jardineiro), Monet (Le ninfee rose), Degas (Dopo il bagno), Kandinskij (Linha Angular), Andy Wahrol (Hammer and Sickle), Jackson Pollock (Watery Paths) só para citar alguns.

Há salas gigantescas onde uma única grande obra de arte merece todo o destaque ou ond eos visitantes podem, de alguma maneira, interagir com as peças expostas, realizar selfies, observar todos os seus detalhes.

Você sai de lá não com a passividade de quem folheou o catálogo de um museu, mas mais leve por ter se divertido e experimentado a arte. Provar para crer, em um dia frio de inverno ou para procurar refúgio em um quente dia de verão romano.

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