O vinho azul que os italianos comparam à camisa da seleção da Islândia

Para um país de grande tradição enogastronômica como a Itália, a notícia do lançamento do chamado vino azul soou como um insulto para centenas de produtores que identificam o vinho como sinônimo de suor, tradição milenária, técnicas sofisticadas e respeito de uma legislação rigorosa.

Foto: Divulgação

A novidade surgiu na cidade de Portugalete, na Espanha, e foi idealizada por um grupo de jovens que criaram uma start up intitulada Gïk. A surpresa é que não se trata de profissionais com uma formação universitária em agrária, que frequentaram um curso para sommelier ou herdaram vinhedos de seus avós. Os fundadores da Gïk sublinham que não tem nenhuma familiaridade com o setor vitivinícola. Na verdade são designers, músicos, artistas.

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No site da empresa, o que potenciais clientes encontram é uma espécie de inversão de valores do mundo enológico. Sua frase mais eloquente é: tente esquecer tudo aquilo que você sabe sobre vinho. Tente desaprender centenas de designações de origem protegida, padrões e regras complexas e tudo aquilo dito por um sommelier durante um curso de degustação para o qual você foi convidado… Agora abra os olhos e o que você vê? Uma bebida doce e azul com 11.5 graus de teor alcoólico. Esse é o Gïk.

Na ficha técnica do produto não foram detalhadas os tipos de uvas utilizadas em sua fabricação. O documento limita-se a descrever que emprega uvas brancas e tintas cultivadas em território espanhol.  A tonalidade azul, segundo a empresa, é o resultado de um processo baseado na adição de dois pigmentos orgânicos (índigo e antocianina) à mistura de uvas brancas e tintas.

O produtor declara que respeita a normativa europeia em matéria de produtos alimentares. Até agora, já vendeu cerca de 70 mil garrafas e o seu principal mercado é aquele britânico.

No site da (AIS) a cor do chamado vino azul é comparada aquela da camisa da seleção de futebol da Islândia. Provavelmente, o seu lançamento foi uma sacada de marketing pensada para um público pouco familiarizado com a cultura enogastronômica, mas duvido que os italianos, ligados a tradições milenares, farão filas para comprá-lo.

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