Maritozzo, a doce consolação no café da manhã dos romanos
Al bar (na cafeteria) é o lugar onde diferenças e semelhanças entre italianos acentuam-se. No balcão compartilhado entre homens e mulheres, um senhor de meia-idade exerce toda a sua autoridade especificando que deseja “un caffè al vetro (um espresso no copinho de vidro).
Seu colega, por sua vez, pede um café morno e com pouca espuma. O gari que acordou cedo combate o sono com um “caffè correto” (adicionado com alguma bebida alcoólica). Uma senhora com ar de quem acaba de sair do cabeleireiro exige um cappuccino preparado com leite de soja.
Dois goles e “tchau”, até logo. Depois da primeira dose diária de cafeína, os pensamentos se retorcem entre mil preocupações. A briga com o marido. Os minutos contados para chegar ao escritório. O boletim do filho. A pressão do chefe para entregar aquele relatório. Os mais ousados procuram respostas na borra de café, mas com tantos compromissos fica difícil estabelecer uma hierarquia entre as nossas obrigações.
Em Roma, no entanto, existe um antigo remédio para os males modernos. Ele atende pelo nome de “maritozzo” e segundo nutricionistas contém diversos efeitos colaterais. Antes de mais nada, assim como outros protagonistas da culinária romana, é reservado para estômagos fortes. Se trata de um pão doce bem macio, cortado em duas partes iguais e recheado de creme tipo chantilly, fresquíssimo, às vezes em versão ainda mais gulosa, com o acréscimo de chocolate ou sorvete.
Com seu tamanho nem tanto discreto, ocupa uma parte significativa da vitrine de doces. Desafia os contadores de calorias mais modernos. É mordendo um maritozzo – consolação bem mais econômica do que um dia de compras – que se reconhece um romano verace. Aquele que não se incomoda em sujar a ponta do nariz e o queixo com tamanha abundância de chantilly.
Basta uma mordida para anular as diferenças entre o senhor de gravata, a criança com o avental da escola e a garota que flerta com uma vida fitness. O número de calorias é proporcional ao prazer que o doce proporciona e por alguns instantes o maritozzo fará você pensar que, amanhã, os problemas de hoje talvez não existirão mais.
Que maravilha !
Precisa provar, Daniel! 🙂