Pão italiano “assinado” pela sua família
Com toda a parafernália tecnológica à nossa disposição, perdemos do hábito de realizar atividades manuais. Preparar o pão é uma delas. Para degustar um pão quentinho, muitos de nós vamos até à padaria mais próxima ou utilizamos um prático e rápido serviço de food delivery.
Apesar das inevitáveis “contaminações” gastronômicas que trouxeram a culinária “fusion” para cá, a Itália continua sendo um país que preza o pão como alimento. Comentei em um post recente a incrível variedade de pães italianos.
No passado, quando a Itália ainda era um país prevalentemente agrícola, poucos tinham o privilégio de possuir um forno em casa. Geralmente, nos pequenos vilarejos existia um forno a lenha comunitário. O calor das brasas era aproveitado por muitas famílias. Cada uma delas preparava habilmente, em casa, a mistura de farinha, água, fermento e sal que seria assada no forno compartilhado. Para distinguir os pães, cada família costumava “marcar” a massa com suas próprias iniciais ou desenhos específicos. Para realizá-los, muitos utilizavam carimbos de madeira.
Os pastores de Matera, hoje classificada cidade patrimônio mundial da humanidade, recolhiam pedaços de madeira durante a transumância de ovelhas ou outros animais. Com esse material “pobre”, cada um esculpia o seu carimbo pessoal.
Recuperando e valorizando essa antiga tradição um artesão de Matera realiza à mão carimbos personalizados. Empregando madeiras nobres que se distinguem por sua coloração, perfumes e texturas, ele cria carimbos que são verdadeiras esculturas e que exprimem os valores da vida camponesa. O cliente escolhe o seu preferido e em poucos minutos Emanuele personaliza o objeto com as suas iniciais.
O laboratório da família Mancini em Matera transformou-se em uma meca para turistas em busca de um souvenir original e em motivo de orgulho para os moradores da cidade. Os preços variam de acordo com o tipo de madeira escolhida e da complexidade das esculturas do carimbo, mas em média custam a partir de 20 euros.