A Piscarìa, um passeio pelo mercado de peixes de Catânia

O que fazer em Catânia, na Sicília? Em minha viagem para lá, meu maior desafio era deixar de lado os estereótipos e “abraçar” a essência da cidade. Minha vizinha é siciliana e pedi a ela alguns conselhos para explorá-la. Junto com as dicas, também ouvi recomendações que valem para qualquer cidade grande.

Não queria partir receosa ou deixar que a suposta periculosidade que ela tanto sublinhou comprometesse o desejo de ir além dos lugares comuns.

Não sei bem explicar o motivo, mas assim que pisei em Catânia tive a impressão de estar um lugar que me lembrava o Brasil, quem sabe São Luis Maranhão. Talvez por ser um lugar de contrastes, pelas calçadas estreitas, os edifícios que lembram os casarões, a forte ligação com o mar.

Catânia fica na parte leste da Sicília e é famosa pelos seus monumentos barrocos de 1700, classificados como patrimônio mundial da humanidade pela Unesco. Também é a “porta de entrada” para quem pretende explorar a elegante Taormina, Siracusa ou conhecer o vulcão Etna, o mais alto da Europa.

Para “mergulhar” na atmosfera de Catânia não há como não mimetizar-se entre os locais e uma das melhores maneiras de fazer isso é conhecendo A Piscarìa, assim como é chamado o mercado de peixes da cidade.

Localizado na Via Mulino Santa Lucia, bem no centro de Catânia, o mercado é um programa que sugiro para todos, mesmo para aqueles que não devem comprar nada.

Já vou avisando que para percorrer as suas barracas não vale tanto “mi mi mi”. Calce sapatos confortáveis e prepare-se para levar vários esbarrões. Se você observar o mercado do alto vai se surpreender com a aglomeração ao redor dos vendedores e de suas mercadorias.

A maior parte das barracas vende peixes, mas lá também existe quem venda temperos, frutas e verduras.

O grande espetáculo é “il pescato del giorno” (o peixe do dia), exposto com orgulho na parte coberta do mercado ou, às vezes, em barracas improvisadas. No chão você verá bacias de água com peixes ainda vivos e muito frescos.

Com as imposições da União Europeia (que chegaram, inclusive, a determinar o tamanho minímo dos frutos do mar a serem pescados) a profissão de pescador corre cada vez mais o risco de extinção.

No mercado de peixes de Catânia o que surpreende é a variedade de espécies. Circulando entre vieiras, camarões, ouriços do mar e peixes de todos os tipos a gente lembra porque a dieta mediterrânea foi considerada patrimônio imaterial da humanidade.

Entre um grito com forte sotaque e outro, uma pechincha e outra, há quem supere a fome ou arredonde o salário improvisando um prato de street food para os turistas.

Quem não é dono de uma barraca não compete com os comerciantes, mas aproveita e vende maços de cheiro verde aos clientes. Como de diz por aqui, “ è l’arte di arrangiarsi” ou, em outras palavras, a capacidade de se virar. Não falei que de uma certa maneira Catânia me lembrava o Brasil?

Dicas úteis para organizar a sua viagem para Catânia:

Aeroporto de Catânia (Fontanarossa): O aeroporto é pequeno e por isso, se a sua viagem é um bate e volta, você não precisa chegar até lá com muita antecedência. Fica a poucos quilômetros do centro da cidade. Para você ter uma ideia, a distância entre a Via Etnea e o aeroporto é de aproximadamente 8 km.

Acomodação: Para quem alugará um carro e pretende circular pela região, a minha sugestão é um hotel charmoso chamado Donna Carmela. É uma residência histórica, construída ano final de 1800, cercada por oliveiras e vegetação mediterrânea. Ideal para um a viagem a dois.

Endereço e horário do mercado de peixes de Catânia: Via Mulino Santa Lucia. Como todo mercado ao aberto, deve ser visitado pela manhã.

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