natal na Itália
Diário

Roma e a instituição do Natal

Quando visitamos Roma e suas inúmeras igrejas (somente no centro histórico existem 370) parece difícil separar a história da capital italiana daquela do Cristianismo.

No entanto, a cidade que sempre mostrou-se aberta aos diferentes cultos de sua população multiétnica e as crenças difundidas pelos legionários que iam e vinham de diversas partes do império não foi assim tão tolerante com os cristãos. Por quê? Inicialmente, o Cristianismo provocava desconfiança nos romanos.

Para começar, era uma religião universal e sem distinção entre classes sociais, enquanto que outros cultos como aquele do deus Mitra, por exemplo, excluia a participação de mulheres.

No mínimo, os cristãos eram considerados extravagantes. Para a época, soava estranho cruzar com fiéis que chamavam-se de “irmãos e irmãs”, suscitando acusações como aquelas de possíveis incestos. Outro aspecto intrigante para os romanos era a relação “antropofágica” entre cristãos e seu próprio mártir. Como era possível ingerir o corpo do Deus que admiravam?

Quando presos, os cristãos não forneciam aos soldados os próprios dados pessoais e limitavam-se a afirmar que “eram filhos de Cristo”, aumentando a ira de muitos romanos.

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O Cristianismo era considerado uma “nefasta superstição proveniente da Judéia” e os cristãos perigosos porque, ao contrário dos judeus, faziam proselitismo e recusavam-se a reconhecer qualquer outro culto, colocando em discussão as bases do império romano.

Por volta de 64 d.C, quando a cidade é invadida por chamas, o imperador Nero afirma que a culpa do incêndio é da comunidade cristã e o seu líder, Pedro, é crucificado de cabeça para baixo.  Outros imperadores como Diocleciano também tentaram bloquear a expansão do Cristianismo, proibindo, em 303 d.C, que os cristãos se reunissem.

No entanto, além do apoio de expoentes da aristocracia romana, um dos pontos fortes do Cristianismo era o fato de possuir, em diversas cidades, comunidades organizadas e lideradas pelos chamados “epìscopos” (bispos).

Foi somente a partir do final do III século que serão chamados de “papas” todos os bispos do Ocidente e bem mais tarde, por volta de 1073, por ordem do papa Gregório VII, que essa palavra começou a ser empregada exclusivamente para designar o bispo de Roma, autoridade máxima da igreja católica.

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A perseguição encerrou-se quando o imperador Costantino, em 313, aprovou a liberdade de culto no império.  Poucos anos depois, provavelmente entre 320 e 330 d.c, o mesmo imperador encomendou a construção de uma basilica, de monumentos para papas como Calisto II e Gregorio Magno e um túmulo dedicado a São Pedro.

Essas estruturas, localizadas embaixo do baldaquino de bronze realizado por Bernini e localizado na Basílica de São Pedro, foram descobertas em 1939, graças as escavações arqueológicas ordenadas pelo papa Pio XII. Também foram descobertos grafites com símbolos cristãos e restos mortais atribuídos a São Pedro.

Com a propagação do Cristianismo, os romanos que antes festejavam o culto da divinidade Sol Invictus começaram a celebrar o Natal e o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro.

Com muita probabilidade, a data substituiu a festa Natalis Solis Invicti em uma espécie de cristianização de um ritual pagão e foi somente durante o império de Giustiniano (527- 565 d.C.) que o Natal foi reconhecido como festa oficial do Ocidente.

 

 

 

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