O burgo de Ostia Antica o Castelo de Júlio II
Para conhecer de perto aspectos do cotidiano durante o período imperial, muitos turistas vão até Pompeia ou Ercolano, no sul da Itália. Os passeios são mais do que válidos, mas se você tiver pouco tempo à disposição e quiser conhecer um lugar não menos sugestivo sugiro que vá até Ostia Antica.
Ostia é conhecida principalmente como uma das praias mais próximas da cidade eterna. Não é famosa por sua beleza natural, mas por ser o ponto mais fácil de acesso ao litoral romano e por concentrar uma vasta zona arqueológica. Localizada a cerca de 25 quilômetros da capital e com acesso fácil, as ruínas da área conhecida como Ostia Antica foram bem preservadas e nos dão uma ideia precisa da vida em uma dos principais cidades cosmopolitas da Roma antiga.
Graças a sua posição geográfica, Ostia conquistou um papel decisivo na história comercial e militar de Roma. Durante séculos foi um porto estratégico para o transporte de mercadorias e fundamental para a defesa militar da costa e da foz do rio Tibre.
As ruínas merecem um post detalhado. No artigo de hoje, o protagonista é o burgo de Ostia Antiga e o castelo de Júlio II, reaberto ao público depois de permanecer fechado por anos.
O vilarejo que visitei muito antes que se tornasse protagonista de cena de de Emily in Paris (Emily in Rome) fica nos arredores da entrada do parque arqueológico. Para chegar lá basta atravessar a rua, mas infelizmente poucos turistas aventuram-se até lá. O burgo medieval fica em uma área onde no passado existia uma necrópole e a graciosa igreja de Sant´Aurea, edifício completado em 1483 que ainda encontra-se no vilarejo.
A beleza do lugar está na sua autenticidade. Casas históricas circundadas por uma cinta muraria. Ruas reservadas exclusivamente para pedestres. Cachorros e crianças que correm livremente. Vizinhos que conversam ao ar livre em cadeiras colocadas na praça.
O burgo foi fundado em 830 por Gregorio IV. Inicialmente, suas casas foram construídas para abrigar os operários que trabalham nas salinas ao longo da Via Ostiense e foi o Papa quem ordenou que o vilarejo fosse protegido por muros. Por esse motivo, o lugar fico conhecido como “Gregoriopoli”.
Na fortaleza funcionava a alfândega pontifícia que controlava as mercadorias que chegavam de Roma por via marítima e que era um monopólio da Cúria. Para proteger essa atividade, no século XV o local foi ampliado por um outro pontífice, Martino V, que também exigiu a construção de uma grande torre de 24 metros de altura (que mais parte foi englobada no castelo do burgo) e de um fosso que representou o primeiro posto de defesa contra as invasões por parte dos sarracenos
Entre 1483 e 1487, a fortaleza foi completamente reformada por Júlio II, bispo de Ostia e futuro Papa. Foram construídos um quintal e um apartamento para hospedar o pontífice. Os três andares do edifício foram unidos por uma escada monumental e afrescos de Baldassare Peruzzi.
No século XVIII o castelo foi utilizado como celeiro e, em seguida, como prisão. Depois de vários restauros, o castelo foi reaberto ao público desde março de 2017 e pode ser visitado todos os sábados e domingos, com a presença de um guia. Os ingressos custam 3 euros por pessoa e as visitas acontecem a cada hora.
Endereço: Scavi di Ostia Antica: Viale dei Romagnoli, 717
Para chegar lá: se estiver sem carro, vale a pena saber que da estação Porta San Paolo/Piramide (linha B do metrô de Roma) saem trens regionais que percorrem a linha Roma-Lido com parada em Ostia Antica.