Roma, a cidade do cinema

Texto de Alfredo Santucci, Tradução: Anelise Sanchez

Entre os aspectos mais característicos de Roma não podemos deixar de lembrar a sua vocação cinematográfica.

Se trata de um forte vínculo iniciado logo após a invenção do cinema. Em 1896, um turinês representante dos irmãos Lumière na Itália encontra-se em Roma para filmar o Papa Leão XIII nos jardins vaticanos.

Papa Leão XIII, primeiro pontífice filmado pelo cinema, dá a própria benção através da câmera de Vittorio Calcina. (Istituto Luce)

Sucessivamente, as empresas italianas realizam diversos filmes, quase sempre de caráter teatral e sobre temas históricos.

O maior esforço produtivo da época foi aquele de 1914. Cabíria é, ainda hoje, um dos maiores exemplos. Ambientado no III século a.C, as legendas do filme são do poeta Gabriele D’Annunzio e a obra representa o início de um filão inspirado em personagens e episódios da mitologia.

O templo de Moloch, de Cabiria, realizado por Giovanni Pastrone em 1914.

No final da década de 20, ainda gravam-se alguns alguns filmes na capital e triunfa o cinema americano.

O cinema nacional estabiliza-se em Roma e torna-se uma indústria quando Mussolini intuiu a sua capacidade de criar consenso para o regime fascista. Após o incêndio acidental dos teatros da Cines (os filmes da época eram altamente inflamáveis), foram construídos em tempo recorde e inaugurados com grande alarde, em 1937, os estúdios Cinecittà, em uma área até então considerada interior, mas agora urbanizada e parte integrante da cidade.

Inauguração de Cinecittà

A experiência dos atores, diretores e profissionais do cinema cresce rapidamente.

O público parece apreciar particularmente os filmes de evasão, aqueles que fazem sonhar, relações de amor nas quais a secretária se casa com o patrão. Histórias simples e cheias de esperança que não atrapalhem o regime. Para sobreviver, a indústria cinematográfica se autocensura.

No cinema italiano dos anos quarenta também existe uma estrela carioca, Irasema Dilian (nome verdadeiro: Warschalowska).

Vittorio De Sica descobre a atriz e lança a sua carreira no fime Maddalena.. zero in condotta (Maddalena … zero em comportamento). Com o seu ar inocente e o seu italiano imperfeito, ela conquista imediatamente o sucesso.

Cartaz de “Maddalena zero in condotta”

É tempo da trágica Segunda Guerra Mundial. Em 1943 os nazistas utilizam Cinecittà para aprisionar quase mil italianos e roubam todo o equipamento dos estúdios para enviá-los até a Alemanha, com uma série de caminhões. Um ano depois, a situação piora com os danos do bombardeio americano. Cinecittà é transformada em um campo de refugiados.

Refugiados entre os sets de Cinecittà

Após a queda do fascismo e do fim da guerra, os estúdios Cinecittà ainda estão estão sendo reconstruídos e não estão aptos para uso.

As gravações realizadas em ambientes externos, a das características da nova poética cinematográfica: o neorealismo.

Dos anos 50 em diante, Cinecittà será a fábrica de sonhos e considerada a Hollywood sobre o rio Tibre, o lugar privilegiado para a realização de produções internacionais importantes, graças ao profissionalismo e flexibilidade dos italianos.

 Roma antiga realizada para a série Roma, co-produzida pela HBO e BBC entre 2005 e 2007.

Hoje Cinecittà é facilmente acessível através do metrô.

Nos últimos anos o lugar tem sido principalmente palco de produções televisivas, mas é possível visitar os seus estúdios para contemplar cenografias e laboratórios sobre seus filmes e séries mais importantes como Assis, realizada para um filme sobre a vida se São Francisco e em seguida modificada na cidade de Verona para a produção americana Romeu e Julieta, de 2013, com Damian Lewis.

Para saber mais sobre esse histórico polo produtivo de Roma, não deixe de ler esse post aqui.