Teatro di Marcello: muito além de uma miniatura do Coliseu
Não é raro que alguns turistas que chegam a Roma pela primeira vez o confundam com o monumento mais famoso da capital italiana. Até mesmo os romanos consideram o Teatro di Marcello uma espécie de “Coliseu em miniatura”, mas um bom observador notará que existem diferenças significativas entre eles.
O Teatro di Marcello foi construído mais de 80 anos depois de seu maestoso “rival” e possui uma estrutura semi-circular, enquanto que aquela do Coliseu é redonda, típica de um anfiteatro. O monumento foi erguido em Campo Marzio, área que já na Roma antiga era reservada a espetáculos de artes cênicas.
Os historiadores acreditam que, desde 179 a.c, naquela zona econtrava-se o “theatrum et proscenium ad Apollinis”, ligado ao antigo templo de Apolo.
Foi o imperador Caio Júlio César que ordenou a sua construção, mas por ter sido assassinado brutalmente, não presenciou a conclusão das obras de seu teatro, que foram levadas adiante por seu successor, Augusto. O nome do teatro é uma homenagem de Augusto ao sobrinho Marco Claudio Marcello, filho de sua irmã Ottavia e morto prematuramente.
Inaugurado oficialmente em 13 a.C, o Teatro di Marcello era capaz de receber até 15 mil expectadores. Ao contrário dos teatros gregos, construídos sobre superficies colinares, os anfiteatros romanos eram erguidos sobre superfícies planas. Algumas de suas partes principais eram a cavea, a orchestra, a chamada cenae frons e o proscênio.
A “cavea” era representada pelas arquibancadas e a parte mais alta delas era reservada as massas populares, enquanto os patrícios ocupavam a zona inferior.
A “orchestra” era a seção onde sentavam-se as autoridades, enquanto que o “proscênio” era o espaço diante do palco onde se desenrolava a ação dramática. Já a cenae frons (frente do cenário, do palco) era normalmente composta por uma dupla linha de colunas.
O edifício ainda funcionava no IV século e, mais tarde, na Idade Média, foi transformado em uma residência fortificada. Por volta de 1600, a propriedade passou nas mãos da nobre família Orsini, que graças a uma série de reformas garantiu ao edifício uma aura prestigiosa durante o Renascimento. Assim, nascia o famoso Palazzo Orsini.
Imaginem que, em 2012, essa propriedade com dezenas de ambientes e um magnífico jardim com vista para o rio Tibre foram colocados a venda por nada menos que 32 milhões de euros!