Todos querem segurar a Torre de Pisa
Pisa, na região da Toscana, é um dos cartões postais mais famosos da Itália. Quem programa uma viagem para a Europa não quer perder a chance de voltar para casa com a foto da Torre Pendente, mas fica na dúvida sobre como elaborar um itinerário que inclua a cidade.
Organizar um bate-volta Roma-Pisa é possível, mas é uma escolha que eu desaconselho porque em seus arredores existem inúmeros lugares lindos que merecem uma visita.
Com a minha família, me hospedei em Volterra e de lá decidimos circular de carro por Lucca, Pisa e San Gimignano.
Pisa é uma cidade muito graciosa e ainda mantém intacta a sua aura imponente. Entre os séculos XI e XIII, sua armada marítima criou importantes rotas comerciais com a Espanha e com o norte do continente africano e esse pioneirismo comportou grandes vantagens para a Itália. Isso porque o país soube aproveitar os reflexos da evolução científica e a influência cultural do mundo árabe.
A potência de Pisa começou a declinar por volta de 1284 – depois de sua derrota para a cidade portuária de Gênova – e também foi duramente atingida durante os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial.
O passar dos anos, no entanto, não apagaram o seu fascínio e todos os anos milhares de turistas continuam a visitá-la.
A cidade vai muito além da Torre de Pisa, mas se você tiver pouco tempo para explorá-la, saiba que suas principais atrações concentram-se na famosa Piazza dei Miracoli (Praça dos Milagres). Ali fica o Duomo di Santa Maria Assunta, sua majestosa catedral de estilo românico erguida em 1064, o Batistério circular que começou a ser construído em 1152 e o chamado Camposanto (cemitério).
Pouca gente sabe, mas em Pisa existe uma lenda sobre a história do Duomo. Em uma de suas fachadas, na altura do seu olhar, o mármore é repleto de buraquinhos que, segundo uma crença, seriam as marcas das unhas do diabo. Com inveja da beleza da catedral, ele teria escalado o edifício na tentativa de destruir a obra.
Os habitantes de Pisa também costumam dizer que se você contar os buraquinhos o resultado sera sempre diferente!
A protagonista da praça, obviamente, é a Torre. No entanto, quando ela foi projetada deveria representar um campanário complementar ao Duomo. Sua construção teve início em 1173 e começou a inclinar-se antes mesmo de ser concluída porque está localizada em uma área com subsolo arenoso.
Muitos turistas preferem fazer pose para fotos diante da Torre, fingindo segurar o seu peso, mas há quem não renuncie à possibilidade de subir nela. Se você é um deles, saiba que a Torre tem ingresso controlado. A cada 15 minutos, somente 30 pessoas podem subir a pé seus 273 degraus. Cada visitante tem 35 minutos a disposição para subir e descer. Haja fôlego!
Se você observar bem os degraus consumidos principalmente de lado, notará que eles refletem a pendência da torre porque, subindo-os, os visitantes acabam apoiando-se na parede.
A Torre Pendente é a mais famosa de Pisa, mas ela não é a única torre inclinada da cidade. As igrejas de San Michele degli Scalzi (Viale delle Piagge) e a Chiesa San Nicola (Via Santa Maria) também possuem torres pendentes.
Pisa também orgulha-se de suas três universidades de grande prestígio (a Escola Normal Superior, a Escola Universitária Superior Sant´Anna e a Università di Pisa).
A cidade também esbanja história. Uma curiosidade interessante é aquela de uma antiga torre localizada na Piazza dei Cavalieri, a chamada Torre della Muta ou Torre da Fome. Segundo os pisanos, a torre que teria servido de prisão para o Conde Ugolino della Gherardesca, um dos líderes guelfos que exerciam a sua autoridade sobre a cidade de Pisa. Acusado de traição, em 1289 foi encarcerado com seus dois filhos e dois netos e chave da torre teria sido jogada no rio Arno.
O personagem é um dos mais célebres da Divina Comédia, de Dante Alighieri, que em um de seus cantos do Inferno sugere que Ugolino teria comido seus filhos e netos para sobreviver à prisão. Em 1605 a torre foi englobada ao chamado Palazzo Dell´Orologio.