Garbatella: o bairro popular e pop de Roma
Os cinéfilos provavelmente já sabem que a Garbatella foi um dos cenários protagonistas de um dos filmes mais famosos de Nanni Moretti.
Em Caro Diário, o diretor de cinema explora as ruas do bairro a bordo de sua Vespa nos dias ensolarados do verão romano enquanto pensa. “La cosa che mi piace più di tutte è vedere le case, vedere i quartieri. Il quartiere che mi piace più di tutti è la Garbatella. E me ne vado in giro per i lotti popolari…” (A coisa que mais gusto é ver as casas, os bairros. O bairro que mais gusto é a Garbatella. E passeio pelos seus lotes populares…)
Nanni não nasceu em Roma, mas o que o fascina tanto nesse pedaço de capital pouco explorado pelos turistas?
Na verdade, o bairro nasceu na década de 20 e foi inaugurado pelo rei Vittorio Emanuele III. A intenção do monarca era construir um canal navegável – paralelo ao rio Tibre – que unisse essa zona da capital com o porto de Ostia, no litoral.
A ideia era que Roma tivesse um porto comercial muito próximo ao centro da cidade, mas as obras nunca foram iniciadas e as casas nas quais deveriam morar os futuros operários do porto serviram para abrigar as famílias desalojadas por Mussolini durante a construção da Via dei Fori Imperiali.
A maior parte dos despejados pelas transformações urbanísticas do fascismo foi hospedada no chamado Hotel Vermelho. Se trata de um prédio com tons avermelhados que além dos dormitórios possuía áreas em comum como refeitório, creche, igreja e lavanderia.
A área da Garbatella é considerada o primeiro bairro popular da capital e representou um laboratório arquitetônico. Em apenas seis meses, foram erguidos sessenta lotes (conjuntos de prédios) projetados por diferentes arquitetos.
Inicialmente, a inspiração em comum era o conceito de “cidade jardim” importado da Inglaterra e da Alemanha. As casas deveriam ser construídas ao redor de áreas verdes, possivelmente cultiváveis, garantindo aos moradores a própria subsistência. No entanto, o resultado foi uma grande variedade de estilos arquitetônicos.
Durante a segunda Guerra, a Garbatella foi uma das zonas da cidade que mais apoiou a resistência dos “partigiani”, reafirmando a sua fama de bairro operário e “vermelho”.
Com o passar das décadas a cidade cresceu, mas passeando pelo bairro ainda é possível encontrar a sua fisionomia peculiar, composta por hortas, roupas que enxugam ao sol em varais improvisados, amoladores de facas que anunciam os seus serviços com megafones, prajelas de comida e água deixadas para os gatos de plantão, torcedores fanáticos do time de futebol de Roma, trattorie e becos e característicos.
Hoje a Garbatella é um bairro da moda. Ali é gravada uma das séries de maior sucesso da TV Italiana, I cesaroni, e o teatro mais famoso do bairro, O Palladium, possui uma agenda cultural movimentada desde que é administrado pela Università Roma Tre. Para chegar lá, pegue a linha B do metrô e desça na estação Garbatella.
Oi, Anelise. Tudo bem? 🙂
Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Bom dia Natalie! Que legal! Fiquei muito feliz!
Grazie mille|
Você sabe me dizer se Garbatella já possuiu outro nome. Não consigo achar essa informação em lugar nenhum.
Jeferson, bom dia! Pelo que sei, a área que hoje conhecemos como Garbatella no passado era chamada, simplesmente, de Colli di San Paolo por causa da proximidade com a Basílica de São Paulo Extra-Muros. Abs
Muito obrigado pela informação! Agradeço e parabéns pelo blog.
Grazie mille Jeferson!