Basílica dei Santi Quattro Coronati. “Aula” sobre o Cristianismo em Roma
Visitar as igrejas de Roma vale tanto quanto uma aula de história. Nas basílicas da cidade “viramos” as páginas dos momentos mais importantes da evolução do Cristianismo e de sua afirmação na capital.
Além dos edifícios de culto mais famosos, como as quatro basílicas papais de São João de Latrão, São Pedro, São Paulo Extramuros e Santa Maria Maior, Roma “esconde” muitas igrejas que merecem ser exploradas.
Uma delas é a Basílica dei Santi Quattro Coronati, que não fica muito distante de monumentos como o Coliseu e a Basílica de São Clemente, no Celio, uma da sete colinas de Roma.
O que ela conserva de especial? Para começar, entrando no mosteiro-fortaleza dei Santi Quattro Coronati temos a sensação de nos isolarmos do caos da cidade.
Ingressando em seu primeiro pátio interno, somos “beijados” por tênues raios de sol. Em seguida, a poucos passos, percorremos o seu segundo pátio, mais obscuro. A sensação é estranha, como se atravessássemos rapidamente uma passagem para um mundo secreto.
O nome do complexo do século IV gera discussões porque tem mais de uma versão. A mais provável é que ele seja dedicado a quatro soldados romanos (Severo, Severiano, Carpoforo e Vittorino).
Eles teriam sido declarados mártires por não matarem os cinco escultores de mármore que recusaram-se a realizar estátuas em homenagem a Esculápio, deus pagão da medicina e da cura.
Em Roma a gente encontra um tempo dedicado à Esculápio no lago de Villa Borghese e antigamente, na Ilha Tiberina, onde hoje fica a igreja de São Bartolomeu.
O local inclui uma basílica, um convento, uma cripta, um gracioso claustro do século XIII (que pode ser visitado a pagamento), jardins e um palácio.
A atração mais famosa da Basílica dei Santi Quattro Coronati é a chamada capela de São Silvestre, o 33° Papa da igreja católica.
Foi sob o seu pontificado que, em 313 d.c, como o chamado Édito de Milão, o imperador romano Constantino decretou o fim da perseguição contra os cristãos, concedendo a liberdade de culto.
Na capela ficam afrescos de 1246 que narram a lenda da conversão de Constantino ao Cristianismo. O imperador teria contraído a peste e para curar-se a solução proposta a ele foi um banho no sangue de uma criança.
Incapaz de seguir essa indicação, Constantino sonha com São Pedro e São Paulo, que sugerem a ele que peça ajuda ao Papa. Assim, São Silvestre o batizou por imersão em uma piscina e o imperador sarou imediatamente. Na cena representada nos afrescos, ele teria se ajoelhado diante do pontífice, oferecendo a ele Roma como sinal de sua gratidão. Um claro sinal de submissão ao poder do Papado.
A basílica também conserva a cabeça de São Sebastião (o resto do corpo encontra-se na catacumba que leva o seu nome) e um claustro de rara beleza, decorado por colunas de mármore e vestígios arqueológicos pendurados nas paredes.
Para visitá-lo, você precisará tocar a campainha e pagar dois euros pela entrada. O valor é simbólico, mas a emoção que a visita deixará em você ficará guardada para sempre.