Sexto Sentido

Dezoito anos de vida na Itália, a minha retrospectiva

No dia 31 de dezembro de 2019 completo 18 anos de vida na Itália. Tantos? Poucos? Tudo depende do ponto de vista.

Se fechar os olhos, me vejo em 2001, bem mais jovem e diante das dificuldades iniciais de quem, apesar de dominar  a língua do país que escolheu, enfrentava o impacto de um choque cultural. Sim, porque apesar de ter nascido e crescido em uma metrópole multicultural como São Paulo e já ter estudado no exterior antes da experiência italiana, o cotidiano em outro país sempre te pega despreparado. Experimentar uma cultura diferente da sua como turista é bem diferente de enfrentar as dores e as delícias da vida de expatriado.

Na época as mídias sociais e o whatsapp não existiam e o contato direto com as pessoas queridas no Brasil não era tão imediato. Hoje o mundo digital está à nossa disposição, mas o virtual não substitui abraços, nem o perfume de casa ou o calor humano.

Cheguei em Roma para frequentar um curso de pós graduação no Istituto Europeo di Design. Se tiver curiosidade, você pode saber mais sobre o meu perfil profissional.

Nos primeiros anos, a sensação que tinha é que a minha estrada fosse uma eterna subida, repleta de percalços.  A dificuldade para o reconhecimento do meu diploma universitário, o desafio de frequentar um novo curso universitário aqui, a preparação para me tornar jornalista de carteirinha, as amizades, os contrastes, os diferentes costumes.

Claro que depois de quase duas décadas morando na Itália, a minha maneira de enxergar a realidade, no bem e no mal, mudou. Hoje consigo me observar à distância, como  do alto de um drone. E tenho plena consciência das qualidades e defeitos do país e da cidade que escolhi para viver.

Para quem me pergunta, entre pós e contras, quem sai ganhando entre Brasil e Itália a resposta é que a verdade está no meio e que você sempre deverá renunciar a algumas coisas para, em troca, conquistar outras tão igualmente importantes.

Não há uma fórmula mágica para adaptar-se a um novo país. Há quem leve poucos meses para inserir-se em um novo contexto e quem, após anos como expatriado, ainda sinta-se um estranho e, o tempo inteiro, faça comparações entre aquilo que é e o que poderia ter sido.

Você segue a sua vida, mas sempre terá a sensação que no entretempo um outro você, ainda que longínquo, está percorrendo uma estrada paralela. Se a sua meta for expatriar leia fontes confiáveis, informe-se, aprenda o idioma local.

Duvide de quem tente traduzir em módulos ou pacotes  já confeccionados vendidos a caro preço a garantia de felicidade ao alcance de qualquer um disposto a morar no exterior. Cada um de nós constrói a própria história e carrega uma bagagem que é só sua. Mudar de país é sim sinônimo de liberdade, descobertas, empolgação e superação, mas também de melancolia, perdas e saudade. O segredo é encontrar um equilíbrio entre uma metade e outra, objetivo que ainda hoje eu me proponho a atingir

Apesar do tempo que passou, ainda faço descobertas e agradeço por poder compartilhá-las com cada um de vocês que me seguem por aqui. Grazie!

 

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