Foraging na Itália. A arte de recolher alimentos espontâneos e selvagens
Você já ouviu falar em foraging ou a prática de colher alimentos nativos? E já parou para pensar que a maneira como você alimenta-se, inclusive durante suas viagens, pode impactar a paisagem e a comunidade ao seu redor?
As mudanças climáticas estão acelerando a busca por alternativas que conjuguem a agricultura sustentável com a necessidade de alimentar uma população mundial em crescente aumento.
Tutelar florestas e matas nativas, economizar recursos como água e energia, diminuir a dependência de insumos químicos e o consumo de proteínas de origem animal são alguns dos desafios que impulsionam agrônomos e instituições internacionais a repensarem a estrutura da produção de alimentos. Hortas verticais e a hipótese de introduzir insetos na dieta humana do futuro são só algumas das propostas que já saíram do papel para virar realidade.
Na Itália, especificamente, a agricultura é um tema sempre em pauta. Aqui nasceu o movimento Slow Food para defender a biodiversidade na cadeia alimentar. Principalmente no sul do país, jovens voltam a dedicar-se à cultura de alimentos que correm risco de extinção ou plantam variedades de antigos grãos.
Graças à ONG Libera, em diversas regiões da Itália, terras são confiscadas da máfia e destinadas a projetos administrados por uma nova geração de agricultores. Ideias para repensar a relação entre agricultura e alimentação não faltam por aqui.
Outro projeto que promete valorizar a figura do agricultor e diminuir a distância entre produtores e consumidores é aquele apelidado de “contadino digitale” (agricultor digital). Utilizando uma plataforma on-line, italianos podem adotar uma árvore frutífera, batizá-la com um nome, escolher onde será plantada e monitorar o seu crescimento, até receber frutas frescas em casa, diretamente do campo.
Nos últimos meses, o sucesso editorial do livro intitulado Imparare l’arte del foraging. Conoscere, raccogliere, consumare il cibo selvatico, de Valeria Margherita Mosca, tem suscitado a atenção dos italianos para o tema dos alimentos selvagens.
Valéria transformou um hábito familiar, aquele de passear em bosques, em um trabalho em tempo integral. Está difundindo na Itália a arte de recolher aliementos selvagens como líquenes, cascas, bagas e ervas, sem correr riscos ou prejudicar a natureza. Isso porque cada planta, fungo, raiz ou fruto selvagem são alimentos para insetos e animais e extraí-los exageradamente pode danificar os ecossistemas de um território. Um forager deve respeitar e estar em plena sintonia com o ambiente, seja ele um turista ou um profundo conhecedor da natureza local.
Na gastronomia, o foraging não é uma novidade. O chef do premiado restaurante dinamarquês Noma foi um dos primeiros a utilizar as chamadas pancs (plantas alimentícias não convencionais) em suas receitas.
Principlamente nas regiões cercadas pela natureza, muitos italianos costuma m recolher alimentos como funghi porcini (cogumelos), castanhas (típicas do outono), chicória, dente de leão ou, com o auxílio de um cão treinado, tentar a sorte na caça às trufas. Eu mesma já compartilhei no blog algumas imagens de nossos passeios por bosques italianos e da emoção de recolher frutas como amoras e ameixas e você, mesmo sem saber, já praticava foraging ao recolher algas e mexilhões na praia.
Para quem quiser provar a arte do foraging, vale a pena lembrar que não é possível improvisar. Conhecimento é fundamental para não recolher alimentos venenosos que podem ser fatais ou invadir propriedades particulares. Por isso, fique de olho em cursos e dicas sobre foraging em sites confiáveis como aquele de Valeria (www.wood-ing.org)
Segundo os adeptos, praticar foraging é algo recompensador, já que proporciona a descoberta de novos sabores, aromas e texturas. No entanto, se não quiser arriscar e preferir provar diretamente na mesa pratos preparados com ingredientes do foraging, alguns restaurantes italianos como L’Argine a Venco (de Anronia Klugman, em Dolegna del Collio), St. Humbertus (San Cassiano, Bolzano) e Terra (Sarentino, Bolzano), El Molin (Cavalese) e Pomiroeu (Seregno) são alguns dos adeptos dos pratos com ingredientes selvagens.
E no setor das bebidas, vale a pena saber que uma empresa italiana, a Antica Distilleria Petrone, produz um amaro (distilado usado no final de uma refeição, como digestivo) produzido exclusivamente com ervas dos jardins da Reggia di Caserta: o AmaRè.
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