Do Piemonte à Argentina. A família Fenoglio, inventora do Franuì, e a tradição dos chocolates

Um dos temas principais de 2024 será o turismo de raízes, aquele que incentiva viagens de ítalo descendentes às cidades de seus antepassados. Todo mundo sabe que entre os séculos XIX e XX Brasil e Argentina foram metas de imigração italiana e que muitas de nossas tradições culinárias são o resultado dessa contaminação cultural.

Alimentação sempre foi um capítulo importantíssimo na rotina desse povo e esse know how se expandiu mundo afora. Por isso, ao viajar para o exterior, não estranho o fato que a comunidade italiana se dedique a atividades comerciais como restaurantes, sorveterias, pizzarias ou chocolatarias.

Dias atrás, um tema que viralizou nas redes sociais foi o doce chamado Franuí, framboesas geladas e recobertas de chocolate branco e chocolate ao leite inventadas em 2013 pela família Fenoglio, em Bariloche. Elas conquistaram fama porque durante uma sessão no Senado, a vice-presidente Cristina Kirchner não se deu conta que estava com o microfone ligado e perguntou a que horas fechava a fábrica do doce. O burburinho cresceu com a receita caseira do doce proposta por uma influenciadora, mas eu queria contar essa história por outro viés.

Aldo Fenoglio herdou a confeitaria de seus pais, imigrantes italianos que, em 1948, decidiram viver em Bariloche porque a cidade lembrava as montanhas e neve de sua terra de origem, a região do Piemonte. Inicialmente, a empresa se chamava Tronador e era uma das primeiras chocolateiras artesanais de São Carlos de Bariloche, na Calle San Martìn, 66.

Hoje, com o nome de Rapanuì, a empresa possui diversas lojas na Argentina, Espanha e o bombom Franuì também pode ser comprado on-line em Turim, capital do Piemonte, através do aplicativo Glovo.

Para quem não sabe, Turim é famosa pelas suas chocolatarias artesanais e pelo gianduiotto, bombom realizado com avelãs do tipo Tonda Gentile, uma das principais matérias-primas da região, e pelo Bicerin, café reforçado com chocolate e creme de leite.

Acredita-se que história de amor entre Turim e o chocolate tenha começado em 1560, quando o duque Emanuele Filiberto di Savoia serviu aos torineses uma xícara fumegante de chocolate quente para festejar a transferência da capital de Chambéry para Turim.

Em pouco tempo, o chocolate passou a ser o protagonista da Merenda Reale, uma espécie de lanche da tarde das famílias nobres.

Mais uma vez, a tradição e a criatividade italianas se espalharam pelo mundo graças ao talento de seus imigrantes.