Gargano, na Puglia. Beleza pura para conhecer no sul da Itália

A maioria dos turistas estrangeiros costuma associar a Puglia, no sul da Itália, às praias. Só que essa região, considerada o salto da “bota”, é bem extensa e possui uma grande variedade de paisagens. Na península do Gargano não é diferente. O que surpreende é a mudança quase inesperada de cenários e cores: do azul intenso do mar ao verde de uma floresta quase intacta, ao amarelo dourado do sol que “beija” suas enseadas, o cinza de grutas e rochas marinhas ou ao branco cândido de casas sobre penhascos.

O Gargano é um caleidoscópio de imagens; desde estradas margeadas por oliveiras centenárias e muros construídos a seco, sem argamassa, até curvas que parecem não ter uma fronteira entre o céu e o mar.

Mas vamos por parte, começando pelo básico? Onde fica o Gargano? Se trata de uma península da província de Foggia, na parte norte da Puglia, circundada pelo mar Adriático e que faz fronteira com as regiões Molise, Campânia e Basilicata.

Durante o verão, é uma das metas mais procuradas por italianos e europeus. O motivo principal são suas águas cristalinas, muitas delas “premiadas” com a classificação Bandiere Blu, sinônimo de qualidade de serviços e praias limpas. No entanto, não é só isso.

O Gargano concentra graciosos vilarejos pontilhados por casinhas brancas que lembram aquelas das ilhas gregas. É conhecido por sua costa repleta de trabocchi, as ancestrais máquinas para pesca que lembram palafitas e hoje transformada sem restaurantes como os famosos Da Mimì. Falei sobre elas no post Costa dei Trabocchi. A beleza primordial das palafitas de pesca.

Essa península esbanja a beleza primordial das palafitas de pesca. Abriga uma floresta repleta de faias e carvalhos que nos fazem quase duvidar que estamos no sul da Itália. Percorrendo essa área é impossível não sentir um intenso perfume de sândalo.

É terra dos lagos de Lesina e Varano, refúgio de aves aquáticas. É procurada por peregrinos e devotos de São Miguel Arcanjo e de Padre Pio, ao qual são atribuídos milagres. E, como se não bastasse, também é procurada por seus sabores mediterrâneos. Na cidadezinha de Peschici, em qualquer época do ano clientes disputam uma mesa no elegante restaurante Porta di Basso na esperança de provar delícias como um doce a base de berinjelas e chocolate. Sim, você leu bem, chocolate!

Quando ir: o clima na Puglia costuma ser agradável boa parte do ano, mas vale a pena sublinhar que no Gargano muitos estabelecimentos balneários só reabrem durante o verão, quando o fluxo turístico é bem maior. Em outras palavras, sugiro que você programe e reserve o seu hotel com antecedência porque mesmo em 2020, ano incerto para o turismo e de praias com filas de guarda-sol distanciados, durante o mês de agosto a península estava lotada. 

Quantos dias ficar: considerando que provavelmente você mesclará idas às praias com passeios pelos diversos vilarejos do Gargano, sugiro que reserve pelo menos cinco dias para explorar essa parte da Puglia.

Transporte: o carro é indispensável para circular entre os vilarejos do Gargano e você pode verificar as melhores tarifas para o aluguel de automóveis na Itália com o nosso parceiro, a Rentcars. Não esqueça de providenciar a permissão internacional para dirigir.

Prós e contras: vou ser sincera porque esse deve ser o objetivo de um blog de viagens. Antes de mais nada, considere que por ser uma área selvagem do ponto de vista naturalistico, o Gargano não oferece tanta variedade de estruturas hoteleiras de luxo, o que nem sempre é um mal. Esse ano, mais do que nunca, cruzei com muitas famílias que viajavam pelo Gargano abordo de um motor-home, mas nessa parte da Puglia é comum encontrar desde os chamados villaggi turistici que com frequência propõem a fórmula all inclusive, até campings e affitta camere (aluguel de quartos).

Para quem procura conforto, sugestões são a masseria (fazenda) La Chiusa delle More, La locanda del Carrubo, ou o agriturismo Torre dei Preti, próximo à Peschici.

O fato de concentrar o turismo em um breve período do ano nem sempre permite que muitos programas considerados imperdíveis na região sejam feitos com tranquilidade e sem multidões. É o caso, por exemplo, do passeio de barco até as Ilhas Tremiti ou aquele para explorar as grutas da região. Uma alternativa pode ser o aluguel de um barco com um skipper por tarifas médias de 200/250 euros mais gasolina por cerca de três horas de passeio.

Vilarejos imperdíveis: eu sugiro que você não perca a chance de visitar as cidades de Peschici, com suas casinhas brancas, Vieste, também conhecida como “a pérola do Gargano”, Rodi Garganico, terra dos limões da variedade Femminello del Gargano IGP, a mais antiga da Itália, Vico del Gargano, classificado como um dos vilarejos mais belos da Itália, Monte Sant’Angelo, que além de abrigar o famoso santuário de São Miguel Arcanjo  (patrimônio Unesco desde 2011), que é muito mais do que uma meta religiosa, mas também tem uma coleção de cantinhos fascinantes. Se sobrar tempo, estique até Manfredonia e conheça o seu castelo svevo-angioino e a igreja de Santa Maria Maggiore,  obra-prima da arquitetura românica pugliese.

Outros programas: almoçar ou jantar em um trabucco, conhecer a Floresta Umbra, visitar os lagos de Lesina e Varano, fazer um passeio de barco até as Ilhas Tremiti, reservar uma excursão para explorar as grutas marinhas do Gargano, como a Grotta Sfondata, a Grotta Campana e a Grotta dei due occhi. Outra vista imperdível do barco é aquela do Arco San Felice, uma espécie de “pedra furada” e um dos cartões postais do litoral de Vieste.  

Praias: no Gargano existem praias para todos os gostos. Vale sublinhar que assim como acontece em todo o território nacional, a maior parte delas é administrada pelos “stabilimenti balneari”, que oferecem o serviço de guarda-sol e espreguiçadeiras, além de banheiros, duchas e às vezes serviços como bar e restaurante. As tarifas dependem da proximidade do guarda-sol com o mar. Aqueles colocados na primeira fila, por exemplo, são mais caros que aqueles da segunda e aí por diante. O preço médio é de 15/20 euros por dia para um guarda-sol e duas espreguiçadeiras. Também existem as spiagge libere, praias livres, onde você pode ocupar a areia com seu próprio guarda-sol, mas são menos frequentes.

A Baia delle Zagare é uma das mais belas do Gargano, mas recebe um número limitado de turistas por dia. Outras belas praias são Baia San Felice, com Vignanotica, Zaiana, em Peschici, Cala Lunga, PortoNuovo, em Vieste, Spiaggia della Scialara, em Vieste, também conhecida como “Pizzomunno”, Spiaggia di Mattinata e de Mattinatella, Baia dei Campi, Marina di Peschici, Bai di Manacora, Pugnochiuso (Vieste), Spiaggia di Calenelle (Vico del Gargano), Cala della Pergola (Vieste) e Spiaggia di Jalillo.

O que comer: também notei um multiplicar-se de restaurantes “massificados” que na verdade não servem pratos típicos, mas fast food. Se precisar comer algo rápido, opte pela paposcia, uma espécie de pão/focaccia cozida no forno a lenha e com diferentes tipos de recheio.Privilegie os locais que cozinham produtos autóctones e de preferência a Km 0, cultivados a breve distância. 

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