Gazometro, um dos símbolos do skyline romano completa 80 anos
Ele é um dos símbolos do skyline da capital italiana. Você consegue admirá-lo até do alto do Palatino. Com seus quase 90 metros, para os romanos o Gazometro é mais do que um ícone da arqueologia industrial.
Inaugurado em 13 de julho de 1937, o gigante de aço era uma espécie de tanque para armazenar uma mistura gasosa que servia para iluminar a cidade. Batizada de “Gazometro” pelo engenheiro escocês William Murdoch, a estrutura surgiu na época em que o bairro de Ostiense era, essencialmente, um distrito de galpões industriais.
Antigamente a área nos arredores do Gazometro era freqüentada por operários, proletários, artistas e escritores. Sua silhueta povoou a imaginação de diversas personalidades italianas. O cantor Claudio Baglioni, por exemplo, revelou que seu pai lhe contava que o Gazometro era um cilíndrico mágico.
Outra imagem que associamos com freqüência ao Gazometro é aquela do escritor, poeta e diretor de cinema Pier Paolo Pasolini, o intelectual amado e controvertido que dedicou suas obras aos “últimos”, à periferia, aqueles que viviam às margens da sociedade. O Gazometro é também cenário de uma de suas obras-primas, o romance “Ragazzi di Vita”.
Disativado entre 1963 e 1965 e substituído pelo gás metano, o Gazometro resistiu ao tempo e ainda é um dos protagonistas de Ostiense. O bairro mudou suas feições e hoje é sinônimo de street art, bohémiens e vida noturna.
Ali, um extraordinário exemplo de revitalização de um patrimônio é a ex Centrale Termoelettrica Giovanni Montemartini, convertida em um interessantíssimo museu. Em seus ambientes encontram-se dois universos aparentemente opostos: os ambientes da primeira central elétrica pública romana e esculturas clássicas.
O Gazometro completa hoje 80 anos e o monumento será o protagonista de uma cerimônia especial, com direito até a música da banda da polícia municipal.
Há também quem lute para que o Gazometro seja oficialmente declarado um monumento de Roma, salvando-o da ferrugem e preservando-o do passar do tempo. Um dos promotores da iniciativa é o diretor de cinema Ferzan Özpetek, que ali gravou cenas do filme “Um amor quase perfeito” (Le fate ignoranti). Como outros moradores de Roma, ele possui uma relação especial com o Gazometro e declarou que basta um passeio em seus arredores para deixar de lado qualquer tipo de raiva.