10 motivos para conhecer Lucca, na Toscana
A Toscana é uma das regiões italianas onde o “campanilismo” – o orgulho exacerbado que um morador tem de sua cidade de origem – é muito evidente. Apesar da breve distância entre elas, existe uma rivalidade histórica entre lugares como Florença e Siena, Pisa e Livorno e Lucca e Viareggio. Na minha modesta opinião, a verdade é que cada cidade ou burgo toscano é tão rico de atrações e beleza que nenhum deles precisaria invejar ou desdenhar o “vizinho”.
No norte da região, uma das cidades mais interessantes é Lucca. Nesse post, 10 razões para incluí-la em um roteiro pela Toscana, inclusive uma ligação com o Brasil.
Muralhas históricas: Lucca não seria a mesma sem seus quatro quilômetros de muralhas que podem ser totalmente percorridos a pé ou de bicicleta. Em 1513 Lucca era uma República e para proteger a cidade e erguer os muros foi necessário demolir a antiga igreja de San Pietro Maggiore e outros edifícios. As despesas para indenizar quem foi expropriado foram tantas que a construção das muralhas só começou três décadas mais tarde. O tempo passou, mas as muralhas de 12 metros de altura por 30 de largura continuam fascinando moradores e turistas.
Casa de Puccini: Lucca é a cidade natal de Giacomo Puccini, compositor de algumas das óperas líricas mais famosas do mundo como La Bohème, Tosca, Madame Butterfly e Turandot. A casa onde nasceu o mestre italiano foi transformada em um museu aberto ao público. Ali é possível conhecer o seu ateliê, o escritório e contemplar objetos como a echarpe de seda usada pelo compositor ou uma carta escrita por Richard Wagner e endereçada a Puccini.
Torre Guinigi: No passado Lucca contava com cerca de 250 torres, mas essa foi uma das poucas que resistiram ao passar dos séculos. Alta cerca de 44 metros, a torre é um dos símbolos de Lucca e oferece uma das melhores vistas da cidade. Subir até o topo não é para qualquer um (são 230 degraus!) mas a peculiaridade do lugar vale qualquer esforço. Guinigi era o sobrenome de uma das famílias nobres residentes na cidade no século XIV e o que distingue a torre são os jardins suspensos em seu telhado.
Via Fillungo: Uma das coisas mais agradáveis de Lucca é a possibilidade de percorrer seus becos e ruelas a pé. A geometria das ruas obedece o traçado de quando a cidade era uma antiga colônia romana. Villa Fillungo é uma das mais charmosas, repletas de lojas, cafeterias e edifícios históricos.
Piazza dell´Anfiteatro Romano ou Piazza del Mercato: Como citei anteriormente, por volta de 180 a.C Lucca era uma colônia romana e uma de suas atrações era um antigo anfiteatro. Pouco restou daquele período histórico porque o material do anfiteatro foi “reciclado” em outras construções. No entanto, a atual Piazza del Mercato, caracterizada por seus edifícios coloridos e construída sobre o anfiteatro, ainda conserva a sua forma elíptica, típica da arena. No mesmo lugar também são indicados alguns portões através dos quais os gladiadores e os animais ferozes entravam no anfiteatro.
Igrejas espetaculares: Considerando o grande número de edifícios de culto presente aqui, Lucca é chamada de a cidade das cem igrejas. Entre as mais famosas, não perca o Duomo di San Martino, a catedral dedicada a São Martinho famosa por abrigar o Volto Santo, um crucifixo do século XIII considerado milagroso. Se não estiver com o tempo contado, visite também a igreja de San Michele in Foro, com uma fachada composta por diferentes fileiras de colunas de mármore retorcidas – e San Frediano. Sua fachada é decorada por um mosaico colorido do século XIII que retrata figuras de apóstolos.
Palácio Pfanner, cenário de cinema: Essa é uma atração para ser visitada por quem pretende ficar mais tempo na cidade porque esconde um dos jardins monumentais mais encantadores da Toscana. O palácio foi construído no século 17 e comprador dois séculos mais tarde por uma família de origem suíça. A alameda principal do jardim é decorada por chafarizes e estátuas de deuses da mitologia romana. Já no interior do palácio foram gravados filmes famosos como Il marchese del Grillo, de Mario Monicelli.
Ligação com o Brasil: Poucos sabem que Lucca é a cidade natal de Alfredo Volpi, considerado um dos maiores pintores modernos do Brasil. Ele nasceu na cidade em 1896 e no ano seguinte emigrou para o Brasil junto com os pais. Ele decorou várias mansões paulistanas e só voltou para a Itália uma única vez, na década de 50, quando foi convidado para participar da 25ª Bienal de Veneza.
Gastronomia: Lucca é famosa por especialidades como a zuppa di farro lucchese, sopa de legumes e farro (um antigo cereal), os tordelli lucchesi, macarrão na forma de meia-lua recheado de carne) e um pão doce de origem pobre chamado Buccellato. O doce leva uvas passas e anis e pode ser comprador nos “fornos” (padarias) da cidade e lojas gastronômicas como a tradicional Taddeucci (Piazza San Michele, 34)
Lojas vintage e mercado de antiguidades: Para quem gosta de antiguidades, vale a pena saber que todo terceiro domingo do mês o centro histórico de Lucca é palco de uma feira replete de barracas. Se a sua ida não coincidir com o domingo não se preocupe. Lucca soube preservar várias de suas lojas históricas que você reconhecerá facilmente por suas fachadas vintage. Algumas das mais conhecidas são o Forno Amedeo Giusti (famoso pela sua Focaccia), a doceria Taddeucci (fundada em 1881), a joalheria Carli (inaugurada em 1665), e a Antica Barberia Lucchese (barbearia desde 1850).
Dica: Lucca fica pouco distante de Pisa (menos de 30km) e por isso o ideal é combinar as duas cidades em um ou dois dias de passeio. De Florença, a distante é de aproximadamente 85 km.