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Por uma nova ideia de periferia. Nápoles inaugura universidade em Scampia

Você acha que as periferias urbanísticas e humanas existem só em países considerados pobres? E será que a política pode intervir para amenizar as diferenças entre as diferentes áreas de uma cidade, privilegiando aquelas mais vulneráveis?

Eu acredito que não há outra maneira de criar igualdade social enquanto deixarmos uma parte da humanidade fora das margens daquele que consideramos progresso.

Qual o prazer de comprar um automóvel que vale inúmeros dígitos se para circular com ele é preciso blindá-lo e cobrir seus vidros para não espelhar-se na realidade lá fora?

Torcer pelo dólar barato para mandar os filhos para a Disney se no seu país a evasão escolar é tão alta? Se uma hierarquia arcaica e disfarçada de eficiência se traduz em dois tipos de elevadores, um para residentes e outro de serviço? Não seria mais lógico pensar em um elevador que permita a mobilidade social?

Turistas costumam frequentar somente os bairros dos centros históricos italianos, isolando-se involuntariamente de áreas menos glamourosas, mas garanto que aqui na Itália também existem muitas “periferias humanas”.

Centenas de imigrantes vivem em acampamentos improvisados, em condição de miséria, enquanto esperam em um trabalho temporário na agricultura.

Até em bairros da periferia de grandes cidades italianas faltam alternativas e apoio para evitar que jovens optem pela ilegalidade. Mas também existem notícias que nos fazem esperar em uma mudança de paradigma.

Como aquela recente, da inauguração de uma faculdade de Medicina em Scampia, bairro de Nápoles quase sempre associado à “malavita” e à máfia. Um sinal de que educação pode sim fazer a diferença na vida das pessoas.

O prédio da Universidade de Nápoles Federico II fica no local do mesmo conjunto habitacional que serviu de cenário para a série Gomorra e foi demolido, cedendo espaço a um projeto de revitalização da área.

Acho interessante compartilhar aqui ideias de projetos italianos que talvez possam ser replicados, mas será que os brasileiros estão prontos a renunciar a certos indicadores de distinção social para sanar o adoecimento de um país injusto e buscar aquela suposta igualdade que muitos elogiam na Europa?

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