O lado pouco glamoroso de Roma
Roma é a cidade que escolhi para viver e, por possuir uma admiração quase devota pela cidade eterna, os anos de descaso das autoridades locais com o ambiente me doem.
O crescimento da capital não foi aliado ao desenvolvimento, a investimentos em infraestrutura e à tutela desordenada de sua paisagem urbana. O resultado são periferias a beira do colapso.
Uma das maiores emergências de Roma é a má gestão do lixo e os baixos índices de reciclagem: apenas 35% para cerca de quatro milhões de habitantes.
Segundo o último relatório divulgado pela associação Confartigianato, Roma é a cidade italiana com o maior custo para a limpeza urbana. O estudo aponta para uma taxa anual de 249,90 euros per capita, o que equivale a um preço 50,9% superior à média nacional.
Malagrotta, o principal aterro da cidade, foi fechado e os outros depósitos da capital não tem capacidade suficiente para receber os resíduos produzidos cotidianamente pelos cidadãos.
Basta circular fora do centro histórico para cruzar com lixeiras que transbordam e dejetos despejados sem critérios pelas ruas, provocando não só poluição visual mas possíveis riscos à saúde humana.
Um dos últimos vídeos que “ viralizou” na Internet foi aquele de crianças que brincam com ratos no bairro periférico de Tor Bella Monaca. As imagens suscitaram perplexidade em Virginia Raggi, recém-eleita prefeita de Roma que promete elaborar um plano para reverter a situação de degrado.
Há algumas semanas, os moradores de vários bairros romanos receberam um kit para a chamada raccolta differenziata, ou seja, separação do lixo. No entanto, a recolha de lixo porta a porta ainda é uma realidade distante.
O cartão de visitas da capital são seus monumentos e a sua história, mas além dos turistas que vão e vem empurrando suas malas pelos arredores da estação Termini existe uma outra Roma silenciosa que não gera muitas notícias. A Roma dos sem teto que procuram abrigo nos vagões de trem ou improvisam uma barraca nas margens do rio Tibre. A cidade eterna dos recém-nascidos deixados em sacos de lixo porque o desespero fala mais alto que o instinto materno. Roma caput mundi dos imigrantes matineiros que esperam, na calçada, que um motorista pare e os escolha para uma diária como pedreiro. Roma de uma família inteira que depende de dois braços.
A Roma do varal de roupas penduradas a sombra de monumentos como a Domus Aurea, dos flanelinhas abusivos ou dos vendedores ambulantes de rosas a espera de poucos euros. Roma que exala álcool barato dos poros. Roma de idosos solitários dentro de suas próprias casas porque a velhice nos é alheia. Roma de quem teme a morte provocada pelo inverno. Roma dos sinos que não dobram cada vez que assistimos essas cenas cotidianas.
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