Pandemia na Itália. Previsões para o Natal
O que as últimas declarações de expoentes do governo italiano nos deixam intuir sobre as regras para conter a quarta onda de Covid, retorno definitivo à normalidade e sobre eventuais reaberturas, inclusive aquela das fronteiras internacionais.
Os números da pandemia de Covid -19 na Europa seguem uma curva crescente. Em muitos países do velho continente, como a Romênia, os casos de contágio voltam a gerar preocupações. Na Holanda, entraram em vigor novamente medidas restritivas como um lockdown de três semanas. A Áustria assumiu a forte decisão de um confinamento para os não vacinados, autorizando-os somente a deslocar-se para ir ao trabalho, ao supermercado ou em caso de emergências. Na Alemanha, o governo estuda a possibilidade de adotar o “modelo Itália”, com o passe de vacinação obrigatório para os trabalhadores.
Na Itália a curva epidemiológica também é ascendente, mas não tão alarmante quanto aquela de países vizinhos. No último sai 14 de novembro foram registrados 7569 casos e 36 mortes, com um índice de contágio de 1,7%.
As previsões para as próximas semanas não são otimistas, mas o Ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, declarou em um programa da TV estatal, RAI (Che tempo che fa), que “o índice RT previsto daqui a dez dias não está escrito nas estrelas, mas que dependerá do andamento da campanha de vacinação e do comportamentos individual”.
Durante a transmissão televisiva, ele lembrou que 84,12% da população já completou o ciclo de vacinação com a segunda dose e que o país pretende acelerar e continuar garantindo a imunização com terceira dose.
Speranza sublinhou que, ao contrário de outras nações europeias, a Itália foi aquela que preferiu privilegiar a cautela. Manteve as fronteiras fechadas para a maioria dos países não europeus, introduziu a obrigatoriedade do passe verde para os trabalhadores, continuou exigindo o uso da máscara em ambientes fechados e, ao aberto, quando não é possível manter a distância de um metro entre as pessoas, e ainda não liberou totalmente a presença de 100% de espectadores em eventos como jogos de futebol e shows musicais.
Questionado sobre que tipo de Natal será aquele de 2021 e se os italianos já podem reservar eventuais viagens durante o final de ano, o ministro afirmou que o governo e o comitê científico continuarão monitorando os dados epidemiológicos antes de tomar qualquer decisão.
Apesar de deixar claro que quem não se vacinou até agora não ajuda o país no combate à pandemia, Speranza declarou abertamente que na Itália prevalecerá o princípio de universalidade do sistema de saúde, excluindo a hipótese “Cingapura”, que não garante assistência médica gratuita aos não vacinados. “Os valores da nossa Constituição não são se discutem”, afirmou.
Até o Natal, entre as medidas em avaliação nas mesas de negociações estão a redução do prazo de validade do passe sanitário, de 12 para 9 meses, e da validade do teste rápido feito na farmácia – apenas 24 horas – e daquele molecular, de 72 para 48 horas.
Hoje, durante um pronunciamento na Universidade de Siena, o Presidente da República, Sergio Mattarella, fez um apelo à população, convidando todos a confiar na ciência.
As 20 regiões da Itália continuam sendo classificadas segundo um sistema de cores de acordo com as estatísticas e risco de contágios. Por enquanto, todas são consideradas “brancas”, mas Lazio, Marche e Friuli Venezia Giulia correm o risco de passar para a faixa amarela até o final de dezembro. Nesse caso, o uso das máscaras é obrigatório inclusive ao ar livre e, em locais como restaurantes, cada mesa só poderá receber até quatro clientes.