Matera, de vergonha nacional a patrimônio da humanidade
Matera provavelmente não entra nos planos de viagem da maioria dos brasileiros que planejam um itinerário pela Itália.
Como dizem os italianos, peccato! (é uma pena). A cidade localizada na região da Basilicata está acostumada ao papel de gata borralheira.
Até o início da década de 50, Matera era considerada a vergonha da Itália, mas por sorte o seu destino mudou com a conquista do título de patrimônio mundial da humanidade, em 1993, e com a sua eleição como capital europeia da cultura em 2019.
Conhecida como a cidade subterrânea, Matera é considerada um dos núcleos habitacionais mais antigos do mundo e a sua origem é pré-histórica.
Suas casas foram escavadas nas rochas de tufo calcário são chamadas de sassi; palavra usada pela primeira vez em um documento de 1204.
No passado os sassi serviram, inclusive, como refúgio para monges cristãos e nos séculos XV e XVI eram habitados por todas as classes sociais, desde pastores até artesãos e comerciantes.
As casas nas rochas não eram uma espécie de gueto e durante as duas guerras mundiais abrigaram um grande número de pessoas que compartilhavam o mesmo teto com animais de grande porte como burros, cabras e ovelhas.
Cada sasso possuía um vão para abrigá-los e outro para depositar as fezes dos animais porque esse material orgânico servia para aquecer naturalmente o ambiente doméstico. Os espaços mais frios, ao contrário, eram utilizados para armazenar a comida e o vinho.
Cada metro quadrado das casas eram sabiamente aproveitados. No pequeno ambiente conviviam objetos como uma cama de casal, berços, uma pequena cozinha, uma máquina de tecer, um penico.
A vida em Matera era extremamente rudimentar, mas isso não impediu os habitantes da cidade de criarem invenções pioneiras como as cisternas, um sistema hidráulico para recolher água da chuva em tanques posicionados entre as rochas ou a construção de fornos comunitários.
As condições higiênicas eram péssimas e isso forçou o governo italiano a aprovar um plano para transferir os habitantes dos sassi para outras habitações.
Entre 1952 e 1967 a cidade esvaziou-se e corria o risco de sofrer um lento degrado, mas em 1986 uma lei nacional financiou a recuperação de Matera e de seu patrimônio.
A partir de então, a peculiaridade da cidade começou a atrair turistas do mundo inteiro e a transformá-la no cenário perfeito para grandes produções cinematográficas como A paixão de Cristo, de Mel Gibson, O evangelho segundo São Mateus, de Pier Paolo Pasolini, e O homem das estrelas, de Giuseppe Tornatore.
Os cinéfilos devem lembra-se da famosa cena na qual o personagem de Sérgio Castelitto, um charlatão que finge ser um produtor cinematográfico e que cobra 1.500 liras para filmar cada morador que sonha uma carreira no cinema. Essa cena foi gravada diante da igreja de San Pietro Caveoso, em Matera.
Vira e mexe a cidade é invadida por produtores e além da versão mais recente de Ben- Hur, com Rodrigo Santoro, um dos últimos filmes gravados em Matera foi Wonder Woman, da Warner Bros. Pictures. Caminhar pelas ruas de Matera requer um pouco de esforço físico porque a cidade é repleta de degraus e escadas, muitas vezes escorregadias.
O percurso turístico pelas casas nas rochas concentra-se nas áreas chamadas de Sasso Barisano, caracterizada por cavernas e igrejas rupestres, e Sasso Caveoso, onde ainda é possível admirar pinturas do século IX.
Hoje a cidade é repleta de casas nas rochas transformadas em hotéis (alguns de luxo) e em modernos restaurantes, mas para ter uma ideia precisa de como eram as antigas habitações não deixe de visitar a Casa Grotta di Vico Solitario. O local é completamente decorado como um típico sasso de Matera.
Informações práticas:
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Noossa! Adorei. Estava procurando informações turísticas sobre Matera e esse artigo do Viage na Viagem . Agora vou pesquisar como ir de Veneza para lá e se vale a pena ir no inverno. Obrigada, vou compartilhar seu blog com amigos.
Fico muito feliz com o elogio e agradeço se puder compartilhar! Quanto mais leitores o site tiver, melhor! Passe sempre por aqui! 🙂
Oi Anelise,
Devo ir a Puglia por uns 4 ou 5 dias em maio/2017. Devo chegar em Bari e alugar um carro. Vi seu post no VnV e li os 3 posts no seu blog (Alberobelo, Polignano e Matera).
Alguma sugestão de roteiro, ou quais os lugares + legais, já q n vai dar p/ver tudo?
Desde já, obrigada.
Lu
Olá! A região da Puglia é bem comprida e fica complicado ver tantas coisas em poucos dias. Já que chegará em Bari (no blog tem post sobre lá), além de Alberobello (parada obrigatória)e Polignano poderia incluir no seu roteiro Ostuni (tenho post no blog sobre a cidade) porque é lindíssima, Cisternino, Monopoli e Trani, com a sua catedral incrível. No dia em que for até Matera esticar até Altamura, que é famosa por fabricar um dos melhores pães da Itália. Além disso, se ainda tiver tempo, sugiro uma ida até Peschici, muito pitoresca, ao Castello di Manfredonia e quem sabe um passeio de barco até as ilhas Tremiti.
Depois conte como foi a viagem! Nas próxima semanas estarei publicando mais posts sobre a Puglia.
Abraços!
Puxa, qta coisa!!! Acho q nem c 15 dias … Em td caso, vamos ver o q da em 4 … rsrsrs
Pelo visto, Lecce nem pensar??
É bem longe…
Mas Lecce vale a pena? Mais do q os lugares q vc falou? Ouvi falar de Galipoli.
Talvez chegue por Brindisi e, se for o caso, posso substituir alguma cidade … Estarei vindo de Palermo.
Lecce é a cidade do Barroco e é linda demais. se vier de Brindisi vale a pena sim!
Olá! Parabéns pelo blog! Em 2020 vou fazer uma viagem pelo sul da Itália, vou usar o trem ou ônibus para deslocamento. Estou na dúvida em qual cidade montar base, Bari ou Polignano, qual você recomenda? Quero conhecer Matera, consigo ir de trem até Matera de uma dessas cidades? Abs.
Olá Leidiane, bom dia e obrigada por acompanhar o blog. Sobre a sua pergunta, se você estiver sem carro e tiver intenção de conhecer Matera talvez Bari seja a melhor solução. Notícia desses dias: será inaugurada em breve (maio) uma linha ferroviária Bari- Matera que terá paradas em Villa Longo, Matera centrale, Matera Sud e Serra Rifusa. De Milão, Roma e Nápoles a estação mais próxima a Matera chama-se Ferrandina.De qualquer maneira, não deixe de conhecer Polignano! Abs e depois compartilhe aqui como foi a viagem.
Obrigada Anelise!abs.
Anelise ,pena não ter tido conhecimento do seu site antes da minha viagem a Puglia neste mês de junho.
Eu cheguei por Brindise,depois Lecce e Bari.Deveria ter feito um circuito redondo iniciando por Bari.
Em fim a Puglia é uma região de muitas emoções ,cidades belíssimas, uma cultura diversificada ,influenciada pelas diversas invasões ao longo der muitos séculos (turcos,espanhóis ) mais destaco o que mais me marcou:
Matera , impressionante.
Lecce
Polignano
Finibus Terrae (Leucca)
Catedral de Trani , e igreja de São Nicolau em Bari são belíssimas
As praias do Adriático e do Jônico ,com uma coloração que dá vontade de se jogar no primeiro momento ,
sds
Urbano
Olá Urbano, Obrigada! Esse será um motivo válido para você se programar e organizar outra viagem para cá em breve. 🙂
A Puglia é sim uma região maravilhosa, mas acho que essa afirmação, no final das contas, vale para a Itália inteira. Um país que nunca deixa de surpreender com suas belezas, de norte a sul.
Espero que continue acompanhando o blog e conte comigo para o que precisar na próxima viagem!
Abs,
Anelise
Quantos dias você sugere para conhecer Matera?
Ola Virginia! Bom dia! Pelo menos dois! Se precisar de assessoria para planejar a viagem conte comigo!