Alberobello e os trulli com símbolos mágicos

Alberobello é uma cidade que possui uma beleza rústica, ancestral. Situada na Puglia, que geograficamente é conhecida como o salto da Itália, Alberobello é um dos três sítios classificados como patrimônio da humanidade pela Unesco na região. Os outros dois são o castelo de Federico II e o santuário de São Miguel Arcanjo.

A paisagem árida das estradas que percorremos até lá pode te levar, erroneamente, a pensar em uma civilização pouco evoluída. Até que as oliveiras centenárias, os pomares frondosos, as cerejeiras e os tetos cônicos dos trulli começam a compor um cenário mágico. Não por acaso, em 1797 Alberobello recebeu do rei Fernando IV de Bourbon o título de cidade real.

Muitos estudiosos atribuem a origem dos trulli à Mesopotâmia, ao Kurdistão ou ao México, sustentando que esse tipo de construção representa o aperfeiçoamento arquitetônico das cabanas de barro.

Os trulli são antiguíssimos e concentram-se na Valle d´Itria desde a pré-história. Portanto, ancestral não é só um eufemismo. Essas construções circulares são peculiares porque possuem telhados realizados sem argamassa. Pedras horizontais são empilhadas em círculos concêntricos cada vez menores, até completá-lo com um pináculo decorativo.

Suas paredes são espessas e rigorosamente brancas e o seu interior é fresco durante o verão e quente durante o inverno.

Muitos tetos foram decorados com símbolos solares, religiosos – como a hóstia que lembra o emblema da Ordem dos Jesuítas – ou o candelabro judaico, folclóricos e até astrológicos. Provavelmente, serviam como proteção contra o mau olhado ou para venerar divindades que, supostamente, protegiam uma colheita abundante. Estima-se que nos tetos dos trulli de Alberobello existam mais de 200 símbolos diferentes.

O trullo nasce como uma estrutura essencialmente camponesa. Aqueles que cultivavam os terrenos para famílias ricas precisavam de um alojamento para dormir á noite, além de um espaço para o celeiro ou armazenar ferramentas e afins. Inicialmente possuiam um único ambiente, mas com o crescimento dos núcleos familiares muitos deles foram divididos em mais de um quarto ou em dois andares.

Existe a hipótese que os trullos tenham sido construídos sem argamassa porque, eventualmente, em caso de inspeção por parte do Reino de Nápoles, pudessem ser facilmente demolidos.

Hoje, além dos trulli usados como residência, muitos foram transformados em lojas, adegas e até em uma igreja. Quando estive lá, além de encontrar um grupo de brasileiros tive o privilégio de assistir a um casamento dentro da pitoresca igreja-trullo de Sant´Antonio.

Os principais bairros de Alberobello são Monti e Aia Piccola, com os seus becos repletos de trullos de todos os tipos. Uma tentação irresistível para quem alimenta uma paixão pela fotografia.

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