Arco de Constantino: o arco triunfal que “narra” a glória do império
Passeando pelos arredores do Coliseu é difícil não notar o Arco de Constantino, o maior arco triunfal de Roma.
Esse tipo de monumento era típico da civilização romana. O seu objetivo era exaltar os líderes que regressavam vitoriosos das batalhas que colaboraram com a expansão do império.
A posição dos arcos nunca era casual. Tudo era estudado atenciosamente. Eles eram posicionados ao longo da estrada que seria percorrida pelo desfile dos legionários romanos e cada detalhe de sua decoração – como estátuas e relevos – eram um potente instrumento de marketing para a época.
Fica entre o Palatino e o Célio, sobre aquela que era chamada de Via Triunfal e sublinhava, metaforicamente, a glória militar do imperador.
O Arco de Constantino é um dos últimos monumentos da Roma imperial e foi erguido em 315 d.C, três anos depois da vitória de Constantino sobre o co-imperador Maxêncio. Com essa conquista, ele conseguiu extinguir a tetrarquia, o regime de quatro governantes imperiais pensado para administrar os vastos territórios dominados pelos romanos, e tornou-se o único governante do império.
Constantino atribuiu o sucesso daquela que é conhecida como batalha da Ponte Milvio a uma visão. Ele teria sido aconselhado a gravar as duas primeiras letras gregas do nome “Cristo” em seu escudo, assim como naqueles de seus soldados. Essa intervenção divina, segundo muitos estudiosos, teria marcado o início da conversão de Constantino ao Cristianismo.
Depois da batalha e de sua morte, Maxêncio foi condenado à damnatio memoria ou condenação da memória. No direito romano, significava apagar qualquer traço de lembrança de determinada pessoa. Constantino invalidou a sua legislação e apropriou-se de seus projetos, incluindo aqueles dedicados aos Templo de Rômulo e à Basílica de Maxêncio.
O Arco de Constantino foi uma homenagem do senado ao imperador, mas a maior parte de suas decorações são pagãs. Há imagens representando a deusa vitória e estátuas provenientes de monumentos já existentes, como aquelas dos prisioneiros da antiga Dácia (atual Romênia) que decoravam o Fórum de Trajano, e frisos como aquele que representa Marco Aurélio distribuindo pão aos pobres, além de cenas que referem-se ao imperador Adriano.
Vale lembrar que o período de sua construção coincide com o início do declínio do império, que perdia o seu poder econômico em favor de Constantinopla. Por isso o material para o monumento foi obtido a partir da “reciclagem” de outros, mais antigos.
A única alusão ao sacro é a terceira linha de sua inscrição principal, onde a expressão instinctu divinitatis lembra a visão de Constantino.
Há quem acredite que os relevos foram pensados para serem ambíguos: sem deixar claro que o imperador estava dividido entre a fé cristã (foi ele quem permitiu a difusão da religião) e a tradição pagã do império.
Em sua parte central, aquela dedicada a Constantino, a protagonista é a representação de uma cena na qual o imperador faz um discurso ao povo, circundado pelos seus generais e a multidão que o aclama. Do ponto de vista artístico, essa parte do arco é considerada pelos especialistas estilisticamente menos refinada.
Imponente, o que realmente importa é que o Arco de Constantino conta uma página importante de Roma. Observar os seus relevos, vale tanto quanto folhear um manual de história.
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