O “arrotino” Angelo o Dia do Trabalho na Itália

…È arrivato l’arrotino. Arrota coltelli, forbici, forbicine, forbici da seta, coltelli da prosciutto…

Mesmo em tempos modernos, esse é um anúncio que quem mora na Itália já deve ter ouvido mais de uma vez. Por aqui, o “arrotino” é o afiador de facas, aquele que hoje usa um megafone e um veículo para divulgar os seus serviços, mas no século XIX não era bem assim.

Voz e pernas potentes eram fundamentais para pedalar na bicicleta repleta de ferramentas que circulava pelas cidades a procura de clientes. Foi assim para o avô do senhor Angelo Cincavalli, que desde 1886 trabalhava como arrotino na cidade de Fasano, na Puglia.

Angelo emigrou para os Estados Unidos da América a procura da mobilidade social, de direitos, deixando a sua Fasano, para onde voltou depois de cinco anos no exterior. Hoje, 1 de maio, festejamos o Dia do Trabalho, palavra latina que significa “esforço”.

Na Itália, para quem não sabe, o primeiro artigo da Constituição afirma que o país é uma República fundada no trabalho.

Fasano Puglia

No momento da desmaterialização do trabalho (notícia desses dias um restaurante da Úmbria que substituiu garçons com um robô), da revolução financeira e dos avanços tecnológicos nem sempre riqueza coincide com o trabalho humano, com a produção de bens e serviços.

Especulação, deslocalização, automação e pulverização do trabalho são palavras frequentes em nossa sociedade, mas será que todos esse movimento comportou menos disparidade e uma redução do trabalho insalubre? Que ainda valorizamos quem se cansa nas colheitas, pedalando em uma bicicleta debaixo da chuva para entregar a sua pizza?

Para lembrar que trabalho realizado por braços, mãos e pernas deve ser sempre sinônimo de dignidade, o senhor Angelo conserva a bicicleta de seu avô diante de seu laboratório em Fasano. E se você passar por lá ele terá grande prazer em te contar a sua história. Buona festa dei lavoratori!