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Onde está Wally? Sobre o futuro do turismo em Roma e a Expo 2030

Onde está Wally? Foi essa a sensação que tive ao passar pela Fontana di Trevi no final de tarde.  

O que me fez pensar em qual elemento deve se tornar central no turismo do futuro.

No final do mês de novembro saberemos se a candidatura de Roma como sede para a Expo 2030 será aceita ou não. A última vez que a capital deveria hospedar o evento foi em 1942, no bairro EUR, mas ele não aconteceu por causa da segunda guerra mundial. Para promover a iniciativa, uma das palavras chaves é Humanlands, sublinhando obviamente o ser humano como elemento central, capaz de cuidar de da paisagem que o circunda.

Apostar em Roma como sede para um evento tão importante significa não gerar um grande impacto econômico, mas colocar a Europa em um papel estratégico, nessa fase de equilíbrio geopolítico precário. Os outros concorrentes são Busan, na Coreia do Sul, Odessa, na Ucrânia, e Riyad, na Arábia Saudita. 

Em vista de um investimento tão significativo, vale a pena refletir sobre a nova “geografia” de uma cidade pensada para acolher turistas e que, ao mesmo tempo, seja inclusiva com seus moradores. 

Ontem a Fontana Di Trevi estava tão cheia que até caminhar ali por perto era algo complicado. Imagine tirar uma foto ou acotovelar-se para tentar conquistar um espaço para jogar a sua moedinha. Até que ponto os turistas se divertem e conseguem curtir o momento em meio à multidão? Você acha que é justo incentivar o turismo a qualquer custo, democratizando ao máximo o acesso aos bens culturais e liberalizando o comércio ao redor deles?

Ou seria interessante pensar em alternativas para distribuir em dias ou faixas horárias o grande fluxo de turistas?

Outra coisa que notei nos arredores da Fontana é o proliferar de comércio que não representa em nada a cultura italiana. Lojas de balas idênticas aquelas que já vi em várias cidades europeias. Souvenir e camisetas “made in” qualquer lugar que não seja a Itália. Não basta colocar a placa “gelato” fora de um local para “vender” algo relacionado à identidade italiana. Me o que acha a respeito?  

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