Cimitero Acattolico em Roma: arte e emoções lá onde você não espera!
Admito que o assunto do post pode parecer insólito, mas prometo que vou fazer uma lista de boas razões para você visitar o “Cimitero Acattolico” localizado no bairro de Testaccio, em Roma, à sombra da famosa pirâmide de Caio Cestio.
Para ser sincera, não acho que sou a única a não considerar esse tipo de passeio desagradável.
O mundo está repleto de cimitérios que reúnem diversas obras de arte ou que merecem ser vistos como aquele da Recoleta, em Buenos Aires, Père Lachaise, em Paris, ou aquele hebraico, em Praga.
A história do Cimitero Acattolico, símbolo de laicidade e cultura, é muito interessante.
Até o século XVIII, os cidadãos italianos ou estrangeiros que professavam credos diferentes daquele católico não tinham autorização para serem enterrados dentro da área urbana circundada pelas Muralhas Aurelianas. Elas foram erguidas para proteger Roma de eventuais invasões bárbaras.
No ano 1722, no entanto, o Papa concedeu um terreno para que ali pudessem repousar dignamente protestantes, ateus, agnósticos e fiéis que seguiam outras religiões.
Mais de um século mais tarde, por volta de 1870, o lugar foi protegido por muros e reconhecido oficialmente como cemitério porque temia-se que os túmulos pudessem sofrer atos de vandalismo por parte de católicos intolerantes.
O local foi identificado com diversos nomes como cemitério protestante, cemitério inglês (porque ali encontram-se muitas personalidades de origem britânica), cemitério dos artistas e poetas e enfim, como “cimitero acattolico”.
Pessoalmente, eu o definiria como um lugar de tolerância. Judeus repousam ao lado de ortodoxos. Anônimos compartilham a mesma terra que famosos.
Não seria exagero definir essa parte da cidade como um verdadeiro oásis. Superando os seus portões, os visitantes são envolvidos por vielas protegidas pela sombra de ciprestes, por obras de arte monumentais, por gatos que descansam tranquilos, ignorando a real vocação do cemitério.
Atualmente, o “Cimitero Acattolico” abriga mais de 4 mil defuntos, muitos deles ilustres. Ali encontram-se, entre outros, os túmulos dos poeta ingleses Percy Bysshe Shelley e John Keats, August Von Goethe, filho de Johann Wolfgang, o escritor Carlo Emilio Gadda e Antonio Gramsci, intelectual e co-fundador do Partido Comunista Italiano e do jornal L’Unità, que deixou de circular recentemente.
Gramsci, morto depois de anos de prisão nos cárceres fascistas, durante o periodo encarcerado escreveu diversas anotações que em seguida se tornaram os preciosos “Cadernos do Cárcere”, obra que debate os temas da hegemonia cultural da sociedade e o papel do Estado. Suas reflexões, ainda hoje, são uma herança importantissísma.
Admirado por muitos italianos, também inspirou uma poesia escrita por Pier Paolo Pasolini. Passeando pelo cemitério, observe seus túmulos monumentais e deixe sua imaginação correr solta diante de sua sobras de arte.
Uma das mais famosas do “Cimitero Acattolico” é aquela chamada “O Anjo da Dor”, dedicada à esposa do arquiteto americano William W. Story, ilustrada na abertura desse post.
No entanto, o local é repleto de lindas esculturas.Que tal a obra representando um jovem intelectual (Devereux Cockburn), com um livros nas mãos, mas com o olhar e os pensamentos longínquos?
Ou aquela dedicada ao explorador americano Thomas Jefferson Page? Em cada uma delas tantas histórias para imaginar.
Na parte mais recente do cemitério, aquela em frente à pirâmide, uma vasta zona verde, com bancos para apreciar a paisagem e a tranquilidade do local, nem parece que do lado de lá da rua a vida segue o seu ritmo frenético de sempre.
Cimitero Acattolico: Via Caio Cestio, 6
Ingresso: doação voluntária de no mínimo 3 euros
Para chegar lá: Linha B do metrô, parada Ostiense
Aberto de segunda à sábado, das 9h às 17h. Domingos e feriados das 9h às 13h, útima entrada às 12h30.
eu sempre que visito uma cidade em que eu tenha algum interesse e faço uma visita ao cemitério, porque ali estão reunidos os personagens da cidade e isso muito já me ajudou porque e determinadas ocasiões quando eu me deparava cm uma figura importante e já traçava um um caminho a seguir porque eu já sabia em que status eu estava me relacionando e outra coisa também são os lugares da cidade onde há homenagens a figuras públicas, pode também ajudar a conhecer a história. não tem nada de desagradável não. isto faz partr da vontade de conhecer de cada um.Parabéns pelo post
Ficamos felizes que tenha gostado. Obrigada pelo comentário.
Abs
Anelise