Duomo de Siena: beleza imperfeita e suntuosidade como você nunca viu
A Itália esbanja igrejas fascinantes. Desde as imponentes basílicas das grandes cidades até os edifícios de culto dos pequenos vilarejos, todos são um convite a descobrir a história do país e diferentes estilos arquitetônicos.
O Duomo de Siena ou Cattedrale di Santa Maria Assunta, na Toscana, é uma das maiores e mais antigas catedrais da Itália: começou a ser construída em 1136, foi consagrada em 1179 e ampliada nos séculos seguintes.
O que impressiona no edifício é a riqueza de detalhes de sua arquitetura gótico-românica, de suas esculturas, pinturas e pavimento. Sua história é longa e marcada pela genialidade de diversos artistas.
Se em qualquer período do ano, visitar o Duomo de Siena é uma experiência imperdível, até o dia 27 de outubro quem estiver na Toscana terá a chance de conferir o piso da catedral descoberto, sem proteções. A catedral organiza a mostra intitulada Come in cielo, così in terra. Dalla porta alla città del cielo al pavimento.Su beleza é tanta que Giorgio Vasari, um dos mais versáteis artistas do renascimento italiano, o definiu como “o mais belo, grande e magnífico”.
O piso é considerado uma obra-prima da arte italiana e é composto por 56 quadros de mosaicos de mármore distribuídos em 1300 metros e realizados em mais de 400 anos.
Cada detalhe do Duomo de Siena nos deixa boquiabertos. Externamente, o que salta aos olhos é a sua rica decoração e o campanário com listras de mármore branco e verde escuro (que na verdade parece preto), uma alusão ao brasão da cidade de Siena e ao poder civil. O interessante é que a fachada foi realizada em períodos históricos distintos e por artistas diferentes. Observado o monumento com atenção você notará assimetrias e imperfeições, mas nada que comprometa a suntuosidade do Duomo de Siena.
A parte inferior, de estilo prevalentemente românico, foi obra de Giovanni Pisano entre 1285 e 1296. Já aquela superior, gótica, foi projetada no século XIV por Caimano di Crescentino. A sua riqueza de detalhes, na verdade, foi a estratégia adotada para mimetizar um defeito arquitetônico: a posição dos pilares ao lado da rosácea central não correspondem à divisão dos três portais situados na parte inferior. Já as estátuas que você vê na fachada são cópias das originais, conservadas no Museo dell’Opera del Duomo.
A rivalidade entre Siena e Florença e o crescimento da população da cidade incentivaram o governo da cidade a pensar em ampliar a catedral e a investir na construção de um Duomo Nuovo, com uma nova nave. A ideia era erguer a maior igreja da Cristandade, utilizando a antiga catedral como transepto da planta daquela nova. No entanto, as despesas imprevistas derivadas da peste que atingiu Siena em 1348 e exterminou metade de sua população impediram que as obras continuassem. Segundo o projeto original, se a nave tivesse sido concluída ela teria 50 metros de comprimento e 30 de largura.
Com o tempo, a decisão tomada foi aquela de cobrir parte da lateral da nave inacabada com um telhado e transformar o espaço no Museo dell’Opera del Duomo. Seu enorme acervo inclui as obras mais famosas da chamada Escola de Siena e destaques como a Madonna col Bambino, provavelmente de autoria de Donatello.
Donatello não foi o único grande artista a colaborar com a decoração do Duomo de Siena. Sua nave lateral norte expõe esculturas realizadas por ninguém menos que Michelangelo: São Pedro, São Pio, São Gregório e São Paulo.
No Bastistério fica uma pia batismal, obra de Della Quercia e Donatello, na chamada Biblioteca Piccolomini o destaque são afrescos de Pinturicchio e seu discípulo, Rafael. A biblioteca foi erguida por ordem do cardinal Francesco Todeschini Piccolomini (em seguida Papa Pio III) para conservar os volumes de seu tio materno, Pio II, ou Enea Silvio Piccolomini, que ordenou a construção da cidade ideal de Pienza.
Ainda mais surpreendentes no interior do Duomo de Siena são os relevos do púlpito de mármore (1265-1268) de Nicola Pisano que retrama cenas da vida de de Cristo.
As surpresas não param por aí. A capela da Madonna del Voto ou Cappella Chigi foi desenhada por Gian Lorenzo Bernini, autor de fontes e obras monumentais em Roma, como as colunas da Praça de São Pedro.
Mesclando sacro e profano, ao redor da cúpula ficam estátuas douradas dos seis santos protetores da cidade e é na catedral que, antes da corrida do Palio, prevista no mês de agosto, é conservado o troféu que será entregue ao bairro ou contrada vencedora.
A tradicional competição é tão importante para a comunidade local que, para agradecer à vitória, os representantes da contrada vencedora do Palio vão até ao Duomo de Siena para homenagear Santa Maria Assunta.
Essas são só algumas das atrações principais do Duomo de Siena e com a sua riqueza você pode entender por que é necessário mais de um dia para conferir a beleza da cidade e por que seus moradores são definidos pelos italianos e pelos próprios toscanos, “campanilisti” ou bairristas. Como não orgulhar-se de tanta beleza?
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