Gorizia, a Itália de fronteira a poucos passos da Eslovênia
Existem cidades “extrovertidas”. Aquelas que, logo de cara, nas vitrines, manifestam o estilo de vida de seus habitantes. Que em seus muros declaram sua própria ideologia política, o amor desenfreado por um time de futebol ou promessas futuras.
Gorizia é mais introvertida. Aquela que te examina com o canto do olho antes de atar laços. “Rebobinando” a história, não é difícil entender o porquê.
Terra de fronteira, durante as duas guerras mundiais Gorizia foi palco de violentos conflitos e dividida pela metade. Uma parte de seu território ficou para a Itália e a outra para a ex-Iugoslávia, área onde hoje fica a Eslovênia.
Tão perto geograficamente e tão longe culturalmente. Até 2004 um muro na Piazza Transalpina separava Gorizia, italiana, de Nova Gorica, eslovena.
Com a entrada da Eslovênia na União Europeia o muro foi derrubado e hoje a estação ferroviária Transalpina transformou-se em um símbolo da histórica separação político e ideológica entre a Europa ocidental e oriental.
Com o passar do tempo as diferenças se acentuaram. Do lado italiano existe uma cidade pacata e orgulhosa de seu passado. Daquele esloveno edifícios geométricos e espaço ao vício, com locais como casas noturnas e cassinos.
Restaurada depois da Segunda Guerra Mundial, Gorizia possui um centro histórico pequeno que pode ser percorrido a pé. A protagonista da cidade é graciosa Piazza Cavour, decorada pelo Duomo, por lojas, cafeterias e edifícios com sacadas floridas.
A maior parte dos visitantes da cidade não perde a chance de conhecer de perto o papel de Gorizia como território de trincheiras durante o primeiro conflito mundial.
No Museo della Grande Guerra, localizado nos subterrâneos dos edifícios históricos chamados Case Dornberg e Tasso, é possível encontrar modelos em tamanho natural de trincheiras, armas e objetos usados cotidianamente pelos soldados. Na província de Gorizia, em Fogliano Redipuglia, fica o maior sacrário militar italiano dedicado aos soldados vítimas da Primeira Guerra Mundial.
Outra atração de Gorizia é um castelo do século XI circundado por fortificações. A obra começou a ser construída em 1001 e do alto do edifício é possível avistar a cidade inteira e as montanhas da região do Friúli.
Inicialmente o local era propriedade de um conte, mas com o passar dos séculos teve outras funções como prisão e quartel.
O castelo foi um dos bens de Gorizia bombardeados durante o primeiro conflito mundial, mas foi restaurado na década de 30. Hoje, suas salas expõem ambientes que representam cenas da vida medieval.
A mais suntuosa é dedicada à música e reúne reproduções de antigos instrumentos musicais como, por exemplo, o violão barroco. O ingresso para visitar o castelo custa 3 euros e o monumento pode ser visitado de terça a domingo das 10h às 19h e às segundas-feiras das 9h30 às 11h30.