Contemplar mosaicos bizantinos sem sair de Roma: a Basilica di Santa Prassede.

Você não precisa ir até Ravenna para contemplar a arte dos mosaicos dos séculos V e VI d.c, que nessa cidade representam uma de suas principais atrações de seus edifícios religiosos paleocristãos e bizantinos.

Se vier até Roma, vale a pena saber que nos arredores de uma das quatro basílicas papais, Santa Maria Maggiore (Santa Maria Maior), na zona do Esquilino, fica a Basilica di Santa Prassede.

A história desse lugar de culto é ligada, indissoluvelmente, ao período de perseguição dos cristãos por parte do império romano. No subsolo desse edifício era situada a residência do senador Prudente (I século d.C), uma das primeiras personalidades pagãos a se converter ao Cristianismo graças ao apóstolo Paulo e, junto com ele, suas duas filhas, Prudenziana e Prassede.

Eles esconderam os cristãos em sua própria casa e tiveram a autorização para construir um batistério para batizar novos fiéis. Foram martirizados durante as perseguições do imperador Antonino Pio e enterrados nas Catacumbas de Priscila.

Para os católicos, a Basilica di Santa Prassede tem um grande valor simbólico, já que foi erguida sobre o titulus praxedis, casas onde aconteciam os encontros entre cristãos. Hoje esse lugar de culto abriga as relíquias de 2500 mártires.

Durante o pontificado de Pasquale I (817/824), foi ordenado que a igreja acolhesse em sua cripta as relíquias dos santos mártires, mas o que mais chama a atenção na Basilica di Santa Prassede são os seus mosaicos do século IX, realizados por hábeis artesãos bizantinos. Séculos se passaram, mas cada lâmina de ouro prensada entre raspas de vidro cria um efeito inimitável e deixa os visitantes boquiabertos.

Em seu arco triunfal os protagonistas são Cristo com os apóstolos, Moisés, Elias, os anjos e os seus eleitos. Já o arco absidal tem representações dos símbolos dos evangelistas, o Agnus Dei, os sete candelabros e os cavalheiros do Apocalipse.

A parte mais espetacular da Basilica di Santa Prassede, no entanto, é a chamada Cappella di San Zenone, o monumento bizantino mais bem preservado de Roma. Se trata do túmulo monumental que o Papa Pasquale I construiu para a mãe, Teodora. Um dos mosaicos, inclusive, tem a figura de Teodora, com as santas Prassede e Prudenziana e a Virgem Maria. É tão surpreendente que mais parece um sonho oriental e por isso a capela também é conhecida como Jardim do Paraíso. Já o teto é decorado com a figura de Cristo circundado por quatro anjos.

É tanta beleza que apesar de abrigar a primeira escultura realizada por Bernini, quando ele tinha apenas 17 anos de idade: o monumento fúnebre de Giovan Battista Santoni, ela quase passa em segundo plano.

O ingresso na Cappella di San Zenone só é permitido a poucas pessoas por vez, com a presença de uma guia que fica no local, mas a espera vale a pena e garanto que não sairá de lá decepcionado.