Monopoli. Onde a Puglia esbanja charme sem escolher entre o mar ou a terra

Quando uma meta se torna popular entre os turistas estrangeiros, o risco é que para agradá-los, aderir a tendências ou garantir altos padrões de hospitalidade, a cidade se descaracterize, perca o mesmo patrimônio identitário que contribuiu com a sua fama.

Felizmente, esse não é o caso de Monopoli, uma das cidades mais belas do litoral sul barese, na Puglia, que soube conjugar como nenhuma outra o fascínio de seus 13 quilômetros de sua costa com as tradições rurais como aquela das “masserias”.

Aqui, essas fazendas do século XVI, ladeadas por oliveiras centenárias mantém intacta a sua atmosfera austera, sem cair na tentação da estética artificial, do reconstruído para conquistar os olhos de quem vê.

Visitei Monopoli pela segunda vez no outono. Sem a lotação típica dos meses de verão, mas com temperaturas ainda agradáveis, circular tranquilamente entre suas ruazinhas brancas ou almoçar de frente para o mar, respirando o perfume de maresia, me fez pensar na sorte daqueles que moram o ano todo nessa cidade.

O adjetivo atribuído à Monopoli, “a peróla da Puglia”, pode parecer exagero, mas assim que você chegar à cidade, será difícil não ficar seduzido pelo movimento dos pescadores e suas redes em seu porto onde, entre uma pesca e outra, descansam os coloridos “gozzi”, embarcações a remo hoje também usadas para transportar turistas.

Todos os domingos de outubro, acontece “Gozzovigliando”, iniciativa que permite a quem visita a cidade reservar, gratuitamente, no Porto Vecchio, um passeio a bordo de um gozzo.

A sua forte ligação com o mar torna Monopoli uma meta procurada por quem ama pescar. De março a outubro, é possível embarcar em uma excursão, aprender as técnicas artesanais de pesca e, enfim, degustar a bordo o pescado do dia. No último ano, a cidade também se tornou meta dos circuitos de naves de cruzeiros de luxo.

O calendário de Monopoli é sempre repleto de atividades. Com a chegada da primavera, no dia 19 de março, data na qual se celebra San Giuseppe e o Dia dos Pais na Itália, são acesas fogueiras nas principais praças da cidade.

A devoção é algo visível em todos os cantos de Monopoli, como na imponente Basilica Cattedrale di Maria Santissima della Madia, concluída em 1772. Seu altar é decorado com o ícone da Madonna della Madia que, segundo a história, chegou via mar, em 117, a bordo de uma jangada, junto com vigas de madeira utilizada para construir o teto da pequena igreja de San Vito, hoje propriedade particular.

Passeando entre os edifícios de culto de Monopoli salta aos olhos a inspiração arquitetônica típica do Barroco de Lecce. Outra igreja que você não pode perder é a Chiesa di Santa Maria del Suffraggio, conhecida como O Purgatório, que fica na Via Argento. Sua porta principal é decorada com relevos com o tema da morte e pergaminhos com a frase em latim “hodie mihi cras tibi” (hoje eu, amanhã você).

Monopoli não é só uma bela cidade, mas uma meta muito bem cuidada. Cada cantinho, cada beco, cada espaço público, cada loja parece ter estudado atenciosamente como conquistar os turistas.

Impossível, por exemplo, resistir à tentação de não fotografar ruas “instagramáveis” como aquelas decoradas com chapéus coloridos, não fazer uma pausa para um café como o Premiato Caffé Venezia, em uma praça cenográfica como a Piazza Garibaldi ou deixar de conferir os detalhes arquitetónicos do majestoso Palazzo Palmieri, usado como cenário para uma minissérie de grande sucesso na Itália: Lolita Lobosco.

Caminhando entre as pitorescas ruas de Monopoli somos conquistados pelo perfume de maresia e de peixe fresco e na hora do almoço a nossa pausa é no restaurante Carlo Quinto, com vista para o mar.

Não se deixe enganar pela aparente simplicidade do local. Aqui, cada prato foi pensado para exaltar ao máximo os sabores do mar e o peixe é tao fresco que, nas entradas propostas pelo restaurante; é servido cru, em pratos como tartare de atum e carpaccio. Como primeiro prato, sugiro que prove a “carbonara di mare”.

Monopoli também é famosa pelos “frantoi ipogei”, locais subterrâneos e antiguíssimos dedicados à de extração do azeite, e por conservar vestígios do período Neolítico.

Para fazer uma verdadeira viagem no tempo, fomos visitar a Masseria Spina Resort, escolhida por turistas do mundo todo como cenário para o próprio casamento, para aprender a culinária local e por italianos e estrangeiros que sonham com aquela autentica forma de hospedagem que mescla o luxo e serviços de alta gama com uma propriedade rural.

Não por caso, você notara que utensílios e ferramentas que representam a vida camponesa são quase sempre utilizados na decoração de uma masseria.

A Masseria Spina Resort pertence, há gerações, à família Meo Evoli. Sua atual proprietária também é uma restauradora e seu olhar atento para a arte e a preservação garantem ao local uma atmosfera única, com seus tons rosados, seu grande parque rural ladeado por oliveiras, uma horta com muitos pés de figos da índia e, inclusive, uma capela particular de 1700.

A masseria é dividida em vários edifícios e é um verdadeiro oásis entre o mar e a terra e talvez seja por isso, por não ter que optar por uma ou outra, que essa cidade da Puglia conquiste cada vez mais adeptos.

Você pode programar uma viagem que inclua diversas cidades da província de Bari. Para saber mais, leia esse post:

Sannicandro di Bari. Descobrindo um vilarejo histórico e a cultura do azeite à sombra de um castelo