Abadia de Monte Oliveto Maggiore: Toscana mística
Existem muitos tipos de Toscana. Aquela berço do Renascimento. A terra de vinhos e azeites de excelência. Aquela bucólica ou de termas e praias exclusivas.
Essas são algumas de suas características mais famosas, mas a região também é sinônimo de espiritualidade. Muitos peregrinos repercorrem na Toscana algumas etapas dos caminhos de São Francisco de Assis (Via Francigena) ou vão até a região para conhecer santuários e abadias.
A menos de 40 quilômetros ao sudeste de Siena fica a zona conhecida como “Crete Senesi”, território de singulares colinas de argilas áridas e acinzentadas que lembram uma paisagem lunar. As cidades que compõem as “Crete Senesi” são Asciano, Buonconvento, Monteroni d’Arbia, Rapolano e San Giovanni d´Asso.
Em Asciano, um dos lugares que merecem uma visita é a abadia de Monte Oliveto Maggiore fundada em 1313 por Bernardo Tolomei.
Formado em Direito, ele uniu-se à Ordem de São Bento e decidiu exiliar-se no terreno solitário de propriedade de sua família. Em 1320 iniciou a construção da abadia, mais tarde anexada à Ordem, e as obras só foram concluídas por volta de 1523. Esse grande arco temporal explica os diferentes estilos arquitetônicos presentes na Abadia.
Chegar lá já é uma experiência quase mística. O silêncio, a paisagem decorada por ciprestes, o imponente complexo religioso que domina o horizonte e as notas dos cantos gregorianos provenientes de um de seus claustros convidam os visitantes a vivenciar uma dimensão muito distante daquela das grandes metrópoles.
Uma fileira de ciprestes conduz os visitantes até uma antiga ponte levadiça e ao ingresso principal da Abadia de Monte Oliveto Maggiore. A primeira coisa que se nota é a grandeza da construção e a organização dos monges da abadia. Tudo foi pensado para que a abadia fosse uma estrutura autônoma. Em seu ambiente externo fica um jardim com plantas medicinais e um viveiro de peixes. Até o final do século XIX o local abrigava uma farmácia e o peixe era um alimento consumido frequentemente quando, em 534, foi declarada a Regola Benedettina que, entre outras indicações, proíbia o consumo de carne de quadrúpedes exceto para doentes ou pessoas debilitadas.
No interior da Abadia o destaque são os claustros. O maior deles é decorado por afrescos de Luca Signorelli retratando a vida de São Bento. Eles foram finalizados em 1508 pelo artista Giovanni Antonio Bazzi, conhecido como “Il Sodoma”. Nas horas predispostas à missa, no grande claustro os monges beneditinos entoam cantos gregorianos, encantando os visitantes.
Outros ambientes magníficos são o enorme refeitório da abadia – também decorado por um ciclo de afrescos de Fra´Paolo Novelli – e a biblioteca com cerca de 40 mil volumes e pergaminhos restauradas pelos monges.
As cantinas também são um espetáculo à parte e merecem uma visita.
Se quiser assistir as missas, saiba que as liturgias acontecem às 7h da manhã e às 18h15 (com canto gregoriano) e aos domingos e nos feriados às 11h (com canto gregoriano) e que é necessário respeitar o silêncio da abadia e usar trajes apropriados para um lugar de culto.