Monte Sant’Angelo e o Santuário de São Miguel Arcanjo na Puglia
Cada vez mais turistas brasileiros estão inserindo a Puglia (Apúlia) em seus próprios roteiros de viagem para a Itália. Por isso, vale a pena saber que existem tantos tipos de Puglia dentro dessa mesma região.
Aquela do Barroco de cidades como Lecce. Do branco cândido de Ostuni e de outros vilarejos do chamado Valle d’Itria. Aquela mística de Alberobello. A Puglia pitoresca do centro histórico de Bari. Do mar azul intenso da península do Gargano.
E também aquela rica de história e meta de peregrinos. É o caso de Monte Sant’Angelo, classificada como patrimônio da humanidade pela Unesco desde 2011 e conhecida, principalmente, pelo Santuário de São Miguel Arcanjo. Sua gruta sacra foi eleita pela National Geographic uma das mais belas do mundo.
Confesso que não tinha muitas expectativas antes de visitá-la. Se você não é um fã do turismo religioso, talvez pense que ela não mereça entrar na lista de metas prioritárias para quem explora o Gargano. Ledo engano.
Eu cheguei em Monte Sant’Angelo depois de ter visitado Mattinata, cidade situada aos pés do Monte Gargano e famosa por suas praias paradisíacas. Quem nos convenceu a ir até lá foi uma família, proprietária de um restaurante local, o Dal Saraceno. Aliás, conversar com os moradores é a melhor maneira de garantir ótimos conselhos sobre a região.
Para começar, Monte Sant’Angelo fica na província de Foggia e acredite, não é só um destino para peregrinos cristãos, apesar desse lado da cidade ser evidente, por exemplo, na representação da concha dos viandantes que decoram a fachada principal da igreja.
Imaginem uma cidadezinha onde cada cantinho parece um cartão postal. Não acredita? Então passe por lugares como a pela Piazza De’ Galganis e depois me conte se não se emocionou.
Monte Sant’Angelo é muito charmosa. Casinhas brancas valorizadas portas coloridas e composições de flores. Becos decorados com instrumentos agrícolas que aludem à tradição local. Arcos. Lojas de artesanato de madeira. Padarias e alimentari que expõem em suas vitrines o queijo cacciocavalo podolico, pães gigantescos e com casca bem espessa, além de doces como hóstias recheadas com amêndoas carameladas, mel e canela. Para prova-las, passe no Forno Taronna (Via Giuseppe Garibaldi, 35).
A principal atração da cidade é o Santuário de São Miguel Arcanjo, fundado no final do século V depois de quatro aparições do santo em uma gruta subterrânea. Acredita-se que que o próprio santo teria pedido para que o local se tornasse um lugar de culto consagrado a ele.
O pátio ou atrio superiore que fica acima da gruta é bem mais recente, de 1865, e antes de entrar no edifício a gente não imagina a sua grandeza. É necessário descer cinco rampas de escadas ou 86 degraus antes de chegar no andar da gruta e de um museu que conserva um acervo com diversos objetos bizantinos e longobardos.
Visitantes com dificuldades de locomoção podem usar um elevador. Também vale a pena lembrar que, como todo lugar de culto, o santuário exige o respeito de regras de vestuário. Caso você esteja usando roupas consideradas inadequadas, é possível utilizar uma espécie de capa emprestada no local.
A gruta é protegida por portas de bronze com cenas bíblicas. Seu chão é revestido de mármore e o local pode acomodar até 80 fiéis sentados. No altar é exibida uma estátua de 1,30 metros. A escultura de São Miguel Arcanjo segurando uma espada na mão direita foi realizada por Andrea Sansovino utilizando o mármore branco de Carrara. Todos os anos, no dia 29 de setembro, a espada é tirada da mão do santo e levada para uma procissão pelas ruas de Monte Sant’Angelo.
Sob a estátua é conservada a pedra do altar original, onde está gravada uma pegada de uma criança atribuída ao santo e, segundo os católicos, uma evidência de que o local está sob a sua proteção. Considerando o grande fluxo de peregrinos, era inevitável que na cidade surgissem alojamentos para abrigá-los durante a permanência em Monte Sant’Angelo.
Por esse motivo nasceram as chamadas “mansioni”, um aglomerado de residências erguidas a partir do século IX, concentradas no bairro de Junno. É o mais antigo e pitoresco da cidade, com suas casinhas brancas que lembram o cenário de um presépio ou até Matera, na Basilicata.
Na cidade também ficam a Igreja de Santa Maria Maggiore e o Battistero di San Giovanni que, juntos, formam o complexo monumental de São Pedro. O seu Battistero também é conhecido como o local de sepultura do rei longobardo Rotari.
Nós também visitamos o Castelo de Monte Sant’Angelo, uma fortaleza de 837 e que durante o período normando foi residência de príncipes. Sua parte mais antiga é a é Torre dos Gigantes, com seus 18 metros de altura e forma pentagonal. Os ingressos para o castelo custam dois euros e só pela vista lá de cima já vale o preço.
Como acontece em pequenas cidades do sul da Itália, é normal que todos se conheçam e que o pedido de uma informação se transforme em uma longa conversa. E assim, Monte Sant’Angelo para nós também se transformou em sinônimo de amizades com os locais.
Dessa maneira conhecemos o Libero, que nos convidou para visitar os bastidores da sua padaria (Panificio Ricucci, na Via Garibaldi, 71) e para aprender como ele prepara a típica focaccia pugliese. Ou o Michele, que diante panorama do Golfo di Manfredonia, do alto do Belvedere da cidade, nos contou de suas aventuras da viagem pela ex-URSS, sem GPS e dirigindo um caminhão. Se ele teve medo? Pelo que disse, não. Afinal, ele nos lembra que vem da cidade protegida por São Miguel Arcanjo.
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