Palazzo Altemps em Roma. Entre intrigas, arte e esoterismo
Quando você mora há muito tempo na mesma cidade, o risco é que se perca a magia da descoberta. É aquela velha história. Como ter ao próprio lado um namorado de longa data. Temos uma grande conexão, mas com o passar dos anos nem tudo é novidade e podemos nos tornar indiferentes.
Precisamos aprender a nos surpreender de novo. Ir além das aparências. Conquistar uma nova intimidade. Nesse caso, novas experiências são revigorantes. Na terapia entre morador e cidade, uma boa pedida é reservar pelo menos um dia da semana para descobrir as suas belezas. Costumo fazer isso (nem sempre com a frequência ideal) e um de meus últimos passeios por Roma foi uma tarde no Palazzo Altemps.
O nome, provavelmente, não é muito familiar para a maioria de vocês. Para orientá-los, começo dizendo que esse edifício fica nos arredores da Piazza Navona, do Stadio di Domiziano e da igreja de Sant’Agostino, aquela que conversa o famoso quadro Madonna dei Pellegrini, de Caravaggio.
Como muitos dos edifícios de maior prestígio na capital, a história do Palazzo Altemps é ligada a um pontífice. Não um qualquer. Sisto IV ou Francesco della Rovere, o mesmo que deu o nome à Capela Sistina.
O palácio foi especialmente construído para o seu sobrinho (ou, segundo as más línguas, filho!), Girolamo Riario na ocasião de seu casamento com Caterina Sforza. Pode ser que o nome Girolamo Riario seja novo para você, mas digamos que ele deixou rastros marcantes nos livros de história italiana. Isso porque foi um dos organizadores da conspiração que pretendia assassinar os poderosos irmãos Lorenzo e Giuliano de Medici.
Com o passar dos séculos o edifício foi saqueado e comprado por um cardeal de origem austríaca, Marco Sittico Altemps (daí deriva o seu nome), que para reforçar o prestígio de sua família procurou aumentar o seu patrimônio artístico.
Ele conseguiu atingir o seu objetivo? Assim que você entrar no pátio principal do Palazzo Altemps terá a resposta. Seus cicerones serão estátuas gregas e romanas, exibidas em todo o palácio.
Entre as esculturas de mármore mais fascinantes estão aquela de Atehna Parthenos com um serpente, Dionísio e Satiro, Galata Suicida, o Trono Ludovisi, antes exposto no Museo delle Terme di Diocleziano, o Sarcofago Ludovisi e o busto de Aristóteles.
A arte, no entanto, não salvou a sua família. O cardeal teve um filho ilegítimo, Roberto d’Altemps, que acusado de adultério foi decapitado por ordens do Papa Sisto V.
Depois da tragédia, o cardeal se refugiou no Palazzo Altemps e dedicou todo o seu tempo ao edifício. Graças a ele será impossível não erguer o olhar na tentativa de capturar os detalhes de uma das áreas mais belas do museu; a sua loggia dipinta (loggia pintada), totalmente recoberta de afrescos.
Se você observá-la com atenção notará figuras que remetem a metáforas e a símbolos esotéricos que denunciam o processo injusto contra o seu filho. A capela particular do palácio também è dedicada a um mártir morto decapitado; Santo Aniceto.
O Palazzo Altemps é sede do Museo Nazionale Romano e também esconde ambientes como os vestígios de uma antiga residência romana, englobada no edifício durante a sua construção.
Passeando pelo Palazzo Altemps em Roma a gente até nota os defeitos da “velha namorada”, no caso Roma, mas se consola pensando que no fundo as qualidades são maiores que as imperfeições e que ainda há muito a ser descoberto nela.
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