Sexto Sentido

O perfil do presidente Sergio Mattarella e o que ele representa para a Itália

O Brasil recebe a visita do presidente da República Italiana Sérgio Mattarella e esse é um evento institucional significativo já que é a primeira vez, em mais de duas décadas, que um presidente italiano volta ao nosso país.

Como terra de ítalo-descendentes, acho válido compartilhar algumas informações sobre o perfil de Sergio Mattarella e o seu papel no cenário político italiano.

A Itália é uma República Parlamentar e o Presidente da República é eleito pelo Parlamento (deputados e senadores) e não diretamente pelos cidadãos italianos. Para ser eleito, é preciso ter no mínimo 50 anos de idade e direitos civis e políticos.

Credits imagem: Quirinale

O seu mandato dura sete anos e Sergio Mattarella o exerce pela segunda vez consecutiva.

O Presidente da República é o chefe de estado e representa a unidade nacional. Sua missão principal é controlar que as funções administrativas, legislativas e executivas do Parlamento respeitem os princípios constitucionais.

Ele também pode nomear cinco senadores vitalícios, pode convocar extraordinariamente as câmaras, pode nomear cinco juízes da Corte Constitucional e ocupa simbolicamente o cargo de presidente do Consiglio Superiore di Magistratura.

A Itália possui um sistema chamado de “bicameralismo Perfetto” no qual o poder legislativo é exercitado de maneira paritária pelos dois ramos do Parlamento: Câmara e Senado. Em outras palavras, tem o mesmo poder e função.

O objetivo é garantir o pluralismo e equilíbrio entre os poderes, mas pode acontecer que em caso de eventual violação dos princípios constitucionais, o Presidente da República convoque líderes políticos ou declare publicamente a exigência do dever moral dos representantes políticos.

Sergio Mattarella é um personagem público apreciado pela sua seriedade e postura discreta, mas de grande prestígio.

Ele nasceu na Sicília e é irmão de Piersanti Mattarella, político e ex-presidente da região da Sicília assassinado pela máfia.

Sergio Mattarella é viúvo e em ocasiões publica não é raro que ele se apresente na companhia da filha.

No palácio do Quirinale, em Roma, ele recebe chefes de estado, entrega condecorações a atletas, nomeia “cavalieri dell’Ordine al Merito del Lavoro”  italianos que tenham se destacado.

Em datas especiais para a Itália, como o 25 de abril ou 2 de junho, ele participa dos eventos ligados à memória da libertação da Itália do nazifascismo, vitando lugares como o Museu das Fossas Ardeatinas, ou depositando no Altare della Patria uma coroa de flores para o soldado desconhecido, no dia da festa da República italiana.

Ao contrário de diversos líderes políticos que nunca perdem a oportunidade de suscitar polêmicas, Mattarella è um conciliador.

Seu garbo (educação) é tanta que chega a ser motivo de anedotas. Quando durante a pandemia ele gravou discursos que seriam transmitidos em rede nacional uma sua expressão em “off” diante das câmeras viralizou nas redes. Tocando o topete, ele disse: “Giovanni, nem eu vou ao barbeiro”.

Essa simples expressão atribuiu a ele, involuntariamente, a aura de um cidadão comum, como tantos outros italianos.

Na verdade, Mattarella sempre priorizou a transparência e continua colocando à disposição dos italianos a chance de visitar o palácio da presidência, o Quirinale.

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