Itália fora da Copa
DiárioSexto Sentido

Que país será a Itália fora da Copa do Mundo de 2018?

A Itália está fora da Copa do Mundo de 2018. Não acontecia desde 1958, ano no qual o Brasil venceu a competição sediada na Suécia, o mesmo país que ontem confirmou a sua superioridade contra a squadra azzurra.

Não vou entrar no mérito de esquemas táticos, performances ou apontar o dedo contra os jogadores da nazionale. Para isso existem os cronistas esportivos. Vou me limitar a comentar aquele misto de sentimentos e o amargo na boca que não abandona muitos italianos depois do jogo. Só ontem 73 mil pessoas deixaram o estádio de San Siro cabisbaixas.

A mídia e os usuários das redes sociais não perdoam a derrota e por aqui já circulam títulos catastróficos e piadas como “se a Suécia nos presentear com dois gols nós devolvemos a eles todos os lápis roubados nas lojas Ikea”, referindo-se ao colosso de móveis low cost de origem sueca.

A ironia como arma contra a tristeza. Vocês poderiam dizer: “Sem dramas! É só uma competição de futebol”, mas o conformismo e o fatalismo são alguns dos freios do país. Na verdade uma Copa do Mundo sem a Itália significa uma Itália sem uma Copa do Mundo. Nada de bandeiras tricolores nas janelas, euforia diante dos telões em praças públicas, boom nas vendas de televisores, exaltação do orgulho nacional, hino cantado a squarciagola, bate-boca com os colegas de trabalho ou noites a base de pizza e cerveja na casa de amigos.

Do ponto de vista econômico, estima-se que a ausência da nazionale na Copa de 2018 na Rússia provocará a perda de de 100 milhões de euros entre patrocinadores, direitos televisivos e vendas de camisetas oficiais da azzurra.

Do ponto de vista social, uma injeção de baixa- autoestima. Hoje de manhã, no rádio, o psicólogo Paolo Crepet comparou a nova leva de jogadores aos jovens italianos, incapazes de assumir o comando, de emergir.

Isso é só o início. Acredito que, de uma certa maneira, ontem uma parte da Itália que comanda finalmente se olhou no espelho se reconheceu como “inadequada”. A figura de seu comissário técnico é um emblema de uma maneira desajeitada de lidar com questões importantes. Não admitiu o próprio erro. Limitou-se a pedir desculpas pelo resultado e receberá igualmente um rico salário até julho de 2018, mês de encerramento da Copa na qual a Itália não participará.

A analogia com outros dramas nacionais é inevitável. Ventura não é o primeiro “manager” a afundar economicamente e moralmente uma parte do país e a sair ileso de tal situação. É uma Copa do Mundo e como as outras a Rússia também passará, entrando na lista dos vexames históricos. Só será menos humilhante se a nossa reação, mais uma vez, não for de inércia.

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